Os testes de imunidade vão ser importantes para perceber a percentagem de população que já esteve exposta à doença, mesmo sem nunca ter tido sintomas.
Atualmente o Imperial College estima que 0,93% da população portuguesa possa já ter tido contacto com o vírus. A investigadora Gabriela Gomes estima a exposição possa ser maior, na casa dos 2%. Sem testes não há forma de saber e depois de Cascais ter avançado com um projeto que vai testar semanalmente uma amostra da população, esta sexta-feira a Ordem dos Enfermeiros e a Fundação Champalimaud anunciaram um projeto-piloto que vai fazer os primeiros testes de imunidade a enfermeiros e assistentes operacionais no Hospital de Santa Maria e no Hospital de Santo António, no Porto. Vão ser testados numa primeira fase 667 profissionais. Os testes sorológicos permitem detetar se as pessoas que foram infetadas de forma assintomática, com sintomas muito ligeiros, e que nunca perceberam que estiveram infetadas, têm anticorpos para o coronavírus. Neste momento a incerteza é se os anticorpos garantem uma imunidade de maior ou menor duração e a partir de que nível.
Os laboratórios Joaquim Chaves e Germano de Sousa também já disponibilizam testes de imunidade mediante prescrição médica e a análise custa até 50 euros. Em ambos os laboratórios é feita uma análise laboratorial que permite quantificar os valores dos anticorpos IgM e IgG, ao contrário dos testes rápidos que só dão positivo ou negativo. No estudo da Fundação Champalimaud também vão ser feitos testes laboratoriais. A DGS e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge já anunciaram que está a ser preparado um inquérito serológico a nível nacional mas ainda não têm data para avançar. Uma primeira fase, um projeto-piloto, deverá testar 1700 pessoas e está prevista para o final do mês.
Atualmente a Organização Mundial de Saúde não recomenda o uso de testes rápidos de imunidade no cuidado a doentes, mas encoraja a sua utilização para investigação e vigilância epidemiológica. Vários países estão a trabalhar no desenvolvimento destes testes, considerados uma ferramenta necessária para decidir os próximos passos no combate à pandemia. A Alemanha, onde surgiu a proposta de virem a ser conferidos certificados de imunidade para o regresso à normalidade, lançou esta semana os primeiros ensaios sorológicos nacionais, num projeto liderado pelo Instituto Robert Koch. Estão planeados três estudos distintos: os primeiros vão testar a cada 14 dias 15 mil dadores de sangue e uma amostra de 2000 pessoas nas zonas do país com mais casos de covid-19. O terceiro estudo está previsto para maio e pretende testar uma amostra de 15 mil pessoas nas diferentes regiões do país.