Um dos problemas da política atual é a enorme falta de coragem dos líderes políticos à escala global. O nada fazer, em nome do tributo (culto?) ao politicamente correto, tem pautado a ação dos líderes políticos com resultados verdadeiramente desastrosos para os seus povos.
Pense-se na forma relaxada como os políticos – sobretudo europeus – encararam (e, em grande medida, para mal dos nossos pecados, ainda encaram) a ameaça do terrorismo do islamismo radical durante anos – os resultados são por todos nós conhecidos: pense-se no que sucedeu em Espanha, em França, na Bélgica ou na Alemanha. Centenas de vidas perdidas em vão…só na Europa!
O discurso justificativo dos políticos foi repetido à exaustão: asseguraram-nos que fizeram tudo o que estava ao seu alcance; nada mais poderiam fazer – nós, cidadãos, é que temos de nos habituar a conviver com o terrorismo. Elegemos governantes para que estes nos digam que temos a obrigação de aceitar a anormalidade como a nova normalidade.
Como nos contou há dias um muito sábio, perspicaz e inteligente membro dos serviços de Inteligência de um país europeu, os políticos afirmam sempre que nunca sabem de nada, nunca poderiam fazer mais nada…apesar das elevadíssimas informações que são levadas ao seu conhecimento todos os dias.
Acaso tais informações tivessem sido levadas seriamente ou, pelo menos, não tivessem sido postergadas em função das suscetibilidades político-eleitorais, atentados terroristas recentes poderiam ter sido evitados – e muitas vidas teriam sido salvas.
Se as contingências de política interna obstaculizam a uma ação eficiente e com o devido discernimento por parte dos líderes políticos nacionais, seria de esperar que as instâncias internacionais fossem mais lestas na promoção dos valores que nos unem e que são, afinal, expressão da e de humanidade.
O designado “multilateralismo” e as várias organizações, agências e demais estruturas que a compõem deveriam atuar, de forma firme e resoluta, na promoção da segurança internacional, da democracia, da efetivação dos direitos humanos, da liberdade. Agir sem outro critério senão a prossecução do bem comum a todos – pelo menos, o denominador mínimo comum dos interesses nacionais, não contingentes, no essencial, em função da localização geográfica, das delimitações de fronteiras ou de dimensão espacial e potencialidades económicas.
Aqueles interesses que transformam, para além de qualquer divergência razoável, o nosso mundo num mundo verdadeiramente plano. Pois bem, tal também não acontece: as organizações e agências multilaterais têm debilitado – por culpa própria – a sua preponderância, a sua influência e o seu papel interventor decisivo mesmo em questões que integram a sua “competência natural” – sendo hoje, essencialmente, uma forma de fazer política (com “p” minúsculo) dando a aparência de burocracia ou de bem – aventuranças diplomáticas.
Com efeito, tem-se verificado uma mutação estrutural nas estruturas concretizadoras do multilateralismo que explica a sua decrescente autoridade e défice de prestígio: o multilateralismo tornou-se axiologicamente neutral, convertendo os Valores (políticos, morais, éticos) em valores (dos cifrões, dos cheques milionários ou da geopolítica baseada apenas na economia e nos negócios); ao querer ser inclusivo, tornou-se excludente (os Estados, que querem ser sérios e fazer a diferença, já ignoram olimpicamente estas organizações internacionais, como a ONU, o Tribunal Penal Internacional,..).
Daí que países que têm promovido a guerra, a violência, o ódio, que perseguem e matam as mulheres e os homossexuais, que são promotores de verdadeiros genocídios, que matam o seu povo à fome para alimentar as elites dirigentes corruptas (como é o caso da Venezuela chavista e madurista) – de repente, viraram estrelas e países liderantes de organizações e agências internacionais que têm como missão justificativa da sua própria existência a promoção e manutenção da paz, a proteção dos direitos humanos, o desenvolvimento económica e a segurança internacional.
Ou seja: os “polícias do mundo” são, nem mais, nem menos, que os maiores criminosos internacionais! É neste contexto que assistimos à atribuição da presidência da Comissão de Direitos Humanos da ONU a países com ligações não escondidas (ou não desconhecidas) ao terrorismo internacional, ao papel destacado que a Venezuela de Maduro aí desempenha – ou à glorificação da China pela sua participação em organizações e tratados multilaterais, como é o caso do Tratado de Paris (que é tao inútil que já ninguém dele se lembra – nem mesmo os franceses…).
O que têm todos estes casos em comum? Fácil: a utilização dos instrumentos, meios e instituições do multilateralismo clássico por Estados totalitários, autoritários, que repudiam os nossos Valores e juram querer matar os nossos concidadãos, amigos e irmãos de outras Nações com quem mantemos privilegiadas relações diplomáticas (e de fraternidade, em alguns casos).
Este multilateralismo converteu-se de multilaterialismo idealista em multilateralismo materialista; tornou-se um multilateralismo indecente, dominado por potências que até os nossos Relatórios de Segurança Interna e de Inteligência qualificavam como potenciais ameaças à nossa segurança nacional.
É, pois, tempo de voltar a edificar um multilateralismo decente. Para isso é preciso líderes políticos com coragem. Que não sejam cobardes, nem governem pela e para a comunicação social. Não é a democracia que serve a comunicação social; é a comunicação social que serve (ou deve servir) a democracia.
Esta coragem de que vos falo teve o Presidente dos EUA, Donald Trump.
O Presidente Trump ficará na História como um dos Presidentes mais marcantes da História gloriosa da Nação americana.
Ao nível interno, já procedeu a decisões e reformas que permanecerão nas décadas vindouras; ao nível da política externa, há um antes e um depois de Trump: a verdade é que, apesar da histeria anti-Trump (a maioria que protagoniza esta histeria nem sabe bem porquê – limita-se a aderir às massas e seguir o caminho mais fácil, porque acrítico…), todo o discurso de política internacional foi ajustado em função das políticas e das orientações dos EUA de Trump; e não contra os EUA de Trump.
Quem falava, na Europa, da ameaça chinesa antes do Presidente Trump? Quem falava na necessidade de revitalização da NATO – com o imperativo de todos cumprirem as obrigações de correntes do seu Tratado constitutivo –antes do Presidente Trump? Os líderes europeus recusavam-se sequer a discutir o tema.
É neste contexto que, na sequência do combate à pandemia que nos apouquenta, todos os vícios e vulnerabilidades das instâncias internacionais ficam à mostra para que todos (estando de boa fé) os possam ver, analisar e resolver.
A incompetência da Organização Mundial de Saúde (OMS) é apenas mais uma demonstração do que afirmámos atrás: a subserviência das organizações internacionais multilaterais às narrativas políticas dominantes e aos interesses de potências políticas autoritárias, totalitárias e que ameaçam o nosso futuro coletivo.
Antes de mais, a OMS é uma organização que viola de forma descarada o princípio da não discriminação: no pico do combate contra o “inimigo invisível” lançado por um inimigo bem visível (o Partido Comunista Chinês, com dolo ou negligência), a OMS – que diz atuar apenas por critérios técnicos, científicos, não se envolvendo em questiúnculas políticas – desprezou e recusou ajudar o nosso povo amigo de Taiwan (para não ferir os sentimentos da China), com técnicos da OMS a cometerem até o ridículo de se recusarem a responder questões sobre Taiwan.
Mais: a OMS – essa organização que diz atuar apenas por razões humanitárias, assente nos seus vastos conhecimentos científicos –, em vários relatórios de análise da evolução da propagação do Coronavírus (mais rigorosamente, do vírus do Partido Comunista Chinês) referiu-se a Israel como…territórios palestinianos ocupados.
E omite sempre a menção à capital do Estado de Israel, que é Jerusalém, como todos sabemos. Ora, desprezar Taiwan, para não ferir os sentimentos do regime chinês e provocar Israel para agradar aos países islâmicos – isto não é política?
Isto não é próprio de uma organização que atua com base em critérios políticos? Claro que é! Os responsáveis da OMS querem ser eleitos, querem estar em plena sintonia com os países que neles votaram e poderão votar no futuro… É o multilateralismo indecente, na sua vertente de prevalência de interesses político-negociais, no seu máximo esplendor.
Só os EUA, país líder do mundo livre, poderá impulsionar mudanças significativas nas instâncias internacionais em geral – e na OMS, em particular.
Em nome da verdade, da justiça e da transparência, só podemos saudar a decisão do Presidente Donald Trump de suspender o financiamento à OMS. Para aqueles eu só encontram caos e desordem na política externa da atual Administração dos EUA, têm aqui uma demonstração clara de coerência com os princípios doutrinários e critérios de ação: os EUA, sob a liderança do Presidente Trump, são patriotas sem ser isolacionistas.
São internacionalistas sem ser globalistas.
São defensores da existência de um quadro institucional que reflita a globalização da sociedade atual – mas, ao invés da Europa e da Administração dos EUA anterior, não consideram o multilateralismo um fim em si mesmo; antes, é um meio ao serviço de valores e interesses comuns à Humanidade. Se as organizações internacionais existem para prosseguir certo fim e se esse fim não é prosseguido – então, há que forçar a mudança,
Se a OMS serve para lidar com questões de saúde pública internacional – como é o caso paradigmático de crises pandémicas – e se revela incompetente para o fazer eficazmente, havendo provas suficientes e claras de que esteve refém dos interesses e narrativas de um Estado totalitário e brutalmente ditatorial (como é o China), então, a OMS deve ser responsabilizada.
Porque só sendo responsabilizada, podemos acreditar que a OMS pode mudar – e revelar-se mais eficaz no futuro. É preciso relembrar – sem hesitações, nem tibiezas inibidoras da ação política – que a OMS serve o Mundo, serve todos nós; não serve a China comunista e os seus anseios imperialistas.
As crises globais com a gravidade desta provocada pelo vírus do Partido Comunista Chinês podem revelar-se como oportunidades para realizar grandes feitos – assim como podem ser o ensejo para fazer grandes asneiras.
Deixar de responsabilizar a China comunista pelas milhares de mortes e destruição da economia mundial em seu próprio benefício – seria uma grande asneira. Fazê-lo ao mesmo tempo que se ignora a reverência irresponsável da OMS à China, indo na “tretocracia” do costume – seria uma dupla asneira.
Felizmente, os EUA provaram, mais uma vez, o seu papel liderante da ordem mundial fundada na Liberdade e na Justiça – este é o tempo de reconstruir o multilateralismo, devolvendo-o aos ideais nobres que o inspiraram.
A decisão do Presidente Trump quanto à OMS é o primeiro passo dado nesta direção – e a melhor notícia que, nesta fase de combate à pandemia, o mundo poderia receber. Na nossa próxima prosa aqui no SOL, explicaremos porquê.
João Lemos Esteves