Um mês depois, os hospitais e centros de saúde vão começar a remarcar consultas e cirurgias que foram adiadas nas últimas semanas. A ministra da Saúde anunciou durante o fim de semana que o despacho que suspendeu a atividade programada não urgente a 16 de março vai ser revogado esta semana e que está em curso uma articulação com as administrações regionais de Saúde, centros de saúde e hospitais para retomar a atividade.
Vai manter-se o incentivo para que algumas atividades continuem a ser não presenciais, como a renovação de receituário, e doentes que recorram às urgências com pulseiras azuis e brancas poderão ser encaminhados para os cuidados primários, disse Marta Temido. “O que iremos fazer nos próximos dias é um reagendamento da atividade assistencial não realizada, garantindo que começamos por dar prioridade aos doentes que têm indicação clínica para tal”, sublinhou. Haverá também um reforço do atendimento telefónico e o objetivo é que as pessoas passem nos serviços de saúde o tempo estritamente necessário. O Governo revelou um primeiro balanço do impacto da suspensão da atividade para combater a pandemia: só em março acabaram por ser feitas menos 300 mil consultas nos cuidados primários. Nos hospitais houve uma quebra de 9 mil cirurgias e de 180 mil consultas de especialidade, reduções na casa dos 5% face à atividade normal, sendo que a suspensão só aconteceu na segunda quinzena do mês. Falta agora o balanço de abril. A hipótese de recurso ao privado não foi referida, mas a polémica está instalada. Numa entrevista ao Expresso, Isabel Vaz, da Luz Saúde, considerou que muitas unidades públicas foram apanhadas “sem calções” e criticou o BE pela proposta de requisição civil dos privados, que já se tinham mostrado disponíveis para apoiar o Estado. Este domingo, o Bloco defendeu o reforço da atividade no SNS para responder às cirurgias desmarcadas e repudiou as afirmações da gestora.