As falhas e as limitações da plataforma do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (Sinave) que permite aos médicos e laboratórios notificarem todos os casos confirmados ou suspeitos de covid-19 em Portugal foram reconhecidas esta quarta-feira pela diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, confessando não ser o modelo “ideal”, tendo, por isso, a intenção de melhorá-lo. O fluxo atual não estava previsto, pelo que este modelo foi construído para uma situação diferente da que estamos a atravessar, avançou.
“Estamos sempre a tentar melhorar estas plataformas, que foram construídas para situações de carga completamente diferente da que temos agora”, confessou Graça Freitas, esta quarta-feira, na conferência de imprensa habitual relativa ao novo coronavírus, que em 24 horas fez mais 23 mortes e 603 casos de infeção em Portugal.
“Os médicos têm essa obrigatoriedade de registar os casos. Independente de ser amigável ou de ser lento, todos os médicos e laboratórios têm obrigação de notificar. É só a partir deste reporte que conseguimos acompanhar a evolução da pandemia”, admitiu, deixando uma palavra de agradecimento aos profissionais de saúde pelo esforço que estão a fazer nesse registo diário na plataforma.Estes critérios obrigatórios e “apertados” também acontecem com o número de pessoas recuperadas.
De acordo com o balanço da Direção-Geral da Saúde, existem 1143 pessoas que recuperaram do novo coronavírus, um número que podia ser ainda mais elevado se Portugal adotasse estratégias menos restritivas que são utilizadas noutros países europeus. Em Portugal, uma pessoa só entra para o lote de recuperados se testar negativo duas vezes. “Se não tivéssemos um critério tão apertado, acredito que já teríamos mais pessoas recuperadas”, adiantou Graça Freitas.
Também no que respeita aos lares, a situação tem vindo a melhorar nas últimas semanas, depois de uma fase inicial em que a incerteza predominava. “Neste momento, temos percorrido o país todo para fazer o levantamento da situação e o que sabemos é que o acompanhamento dos lares está a ser muito melhor do que era inicialmente”, disse.
Atendimento para surdos
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou esta quarta-feira em conferência de imprensa que a Linha SNS24 passou a dispor de atendimento para surdos através de uma plataforma de videochamada que terá o apoio de um intérprete de língua gestual portuguesa, que fará a ligação com o enfermeiro que estiver do outro lado da linha.
“Além de garantir o acesso destes cidadãos a esta linha, esta plataforma pode ainda ser utilizada para assegurar a comunicação entre os profissionais de saúde e o doente surdo durante o internamento hospitalar ou em situação de isolamento profilático”, garantiu Lacerda Sales. Esta linha vai ter à disposição seis intérpretes que prestarão atendimento “24 horas por dia, sete dias por semana”.
“Isto é uma funcionalidade que vem equilibrar as diferenças que muitas vezes existem entre os cidadãos surdos e os cidadãos que não são surdos”, considerou Luís Góis Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), adiantando que este serviço está ativo desde terça-feira, resultando de uma parceria com outras entidades, nomeadamente o Instituto Nacional para a Reabilitação e a Federação Portuguesa das Associações de Surdos.