O presidente do Novo Banco garantiu que concedeu mais de 31 mil moratórias de créditos, no valor de 4,5 mil milhões de euros. De acordo com as contas do líder da instituição financeira, essas moratórias representam 9,7% do crédito do banco, mas António Ramalho revelou no Parlamento, em audição na Comissão de Finanças, que um terço desses clientes preferiram ter apenas suspensão do pagamento de capital. No entanto, lembra que este montante de 4,5 mil milhões de euros se refere ao montante total dos créditos abrangidos pelas moratórias, não ao valor das prestações em suspensão de pagamento, que é menor.
Em relação à atividade do banco, António Ramalho garantiu que a instituição financeira cumpriu de forma “quase integral” os objetivos que lhe foram impostos para 2019 pela Comissão Europeia e pelo Governo português, definidos no acordo de venda ao fundo norte-americano Lone Star. “O cumprimento dos objetivos foi quase integral, cumprimos 32 dos 33 compromissos. O 33.o prende-se com a venda de um ativo de seguros não vida”, acrescentou.
E lembrou que 2019 foi considerado “um ano decisivo do ponto de vista da reestruturação do Novo Banco”, uma vez que a Comissão Europeia fez simultaneamente “a adequação das políticas de limpeza do balanço e a análise da viabilização do banco para dar apoio à economia”.
De acordo com o responsável, se não tivesse acelerado a venda de malparado, a situação seria “catastrófica”. E deu como exemplo a venda de duas grandes carteiras no ano passado: o projeto Nata 2 e o projeto Albatroz. O primeiro diz respeito a uma carteira de 3 mil milhões de euros, e o segundo, uma carteira composta por crédito e imóveis em Portugal e Espanha, tinha um valor contabilístico de 308 milhões de euros. A juntar a estes dois, ainda no ano passado foi também concluída a venda do projeto Sertorius, uma carteira com um valor contabilístico de 478 milhões.
“Se o banco não o tivesse feito, teríamos hoje uma situação absolutamente catastrófica, com um banco de empresas que não teria a mínima capacidade de apoiar a economia e que seria mais um problema, e não uma solução”, afirmou.
Injeção única afastada António Ramalho afastou ainda a possibilidade de vir a ser feita uma última injeção única de capital no Novo Banco, bem como a eventual venda da posição da Lone Star, acionista com 75% do capital.
Recorde-se que a instituição financeira pediu ao Fundo de Resolução mais 1037 milhões de euros de capital relativamente ao exercício de 2019, face aos prejuízos de 1059 milhões de euros registados no ano passado. O banco ainda tem cerca de mil milhões de euros que pode pedir ao Fundo de Resolução. “Não há injeção única”, disse António Ramalho aos deputados. Questionado pelo deputado do Partido Comunista Duarte Alves sobre se o Novo Banco iria esgotar o valor do mecanismo de capital contingente, de 3,89 mil milhões de euros, António Ramalho disse: “Essa incógnita é enorme”. O Novo Banco já utilizou 2,9 mil milhões de euros do montante disponível do mecanismo.
Auditoria em julho Também esta quarta-feira, o primeiro-ministro garantiu que a auditoria em curso ao Novo Banco estará concluída em julho. Os resultados dessa auditoria, de acordo com António Costa, serão “fundamentais para as decisões” a tomar por parte do Governo nos termos daquilo que está contratado com o Novo Banco.