O presidente da Associação Brasileira de Portugal, Ricardo Amaral Pessôa, negou as acusações do consulado do Brasil em Lisboa que davam conta de que teria criado listas paralelas de passageiros brasileiros para regressarem em voos de repatriamento no aeroporto de Lisboa, situação que seria a origem do caos na Portela.
"A única coisa verdadeira é a lista do consulado. Nenhuma outra lista tem valor a não ser aquela que está publicada no site do consulado brasileiro. Recomendo que seja sempre aquela lista e é a que nós orientamos. Se algum conselheiro meu fez outra lista, eu quero saber. Se existe uma lista paralela, eu desconheço, e duvido que algum conselheiro meu tenha feito isso", adiantou ao i, afirmando que quer "ver provas" e alegando que, ao contrário do que foi referido, o caos não foi provocado por si mas sim "pela inabilidade da condução dos brasileiros que ficaram sem embarcar no domingo".
"Isso é mentira. Não têm como provar. Todos os brasileiros que deram entrevistas a jornalistas disseram que foram para o aeroporto por livre e espontânea vontade, porque se increveram na ficha do consulado. Não havendo resposta, foram para o aeroporto para tentar voar, porque perderam o emprego e que não têm onde ficar. Por isso, foram para o aeroporto", reforçou Ricardo Amaral Pessôa, enfatizando a "incompetência dos funcionários públicos que estão no consulado brasileiro em Lisboa". "Se fossem competentes, não colocavam a culpa em cima de outra pessoa", atirou.
Sobre o facto de "ser dada prioridade a cidadãos que ficaram retidos e sem hipótese de regressar nos seus voos comerciais e a brasileiros que residindo em Portugal se enquadram numa situação humanitária", Ricardo Amaral Pessôa "repudia" estas declarações do consulado. "Não existem brasileiros de primeira nem de segunda. São todos brasileiros. Ah, só vamos levar quem tem passagem. Então, esses voos não são humanitários. Isso não faz qualquer sentido", disse.
Além disso, o presidente da Associação Brasileira de Portugal defendeu que, ao contrário do que foi mencionado, o consulado não providenciou "com verbas próprias ou mediante a cooperação de entidades beneficentes (notadamente igrejas próximas à comunidade), alojamento, alimentação e medicamentos para os casos mais urgentes", dizendo que estas declarações são totalmente "falsas".
"No domingo, o consulado saiu do aeroporto antes das 14 horas, que foi a hora a que o avião descolou, e eu saí às 18h30. Fiquei com eles lá. Eles chamaram insistentemente o vice-cônsul para vir falar com eles, para levá-los para algum sítio. Estavam lá desde manhã cedo sem beber água, café, sem comer nada. O consulado não providenciou para as crianças um iogurte, uma banana, nada. O vice-cônsul saiu pela porta do fundo e não ofereceu nada", concluiu Ricardo Amaral Pessôa.
Nos últimos dias, recorde-se, foram vários os brasileiros a pernoitar no aeroporto de Lisboa à espera de um lugar no próximo voo de repatriamento.