O setor das comunicações registou perto de 10,3 mil reclamações durante o estado de emergência, divulgou esta quarta-feira a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom). Em comunicado, o regulador liderado por João Cadete de Matos refere que, entre 19 de março e 2 de maio, foram registadas "cerca de 10,3 mil reclamações provenientes do livro de reclamações eletrónico, das quais cerca de 6,8 mil sobre serviços de comunicações eletrónicas e cerca de 3,5 mil sobre serviços postais". No mês de abril foram registadas cerca de nove mil reclamações no livro eletrónico, mais 29% em comparação com o mesmo período do ano passado.
"Os serviços postais são os principais responsáveis pelo aumento das reclamações no período do estado de emergência", aponta o regulador, que refere que em abril estas "mais que duplicaram, passando de cerca de 1,5 mil reclamações para cerca de 3,2 mil reclamações (+110%)".
Nos serviços postais, "o maior destaque cabe à DPD que, em abril, registou 1,3 mil reclamações face a 113 reclamações registadas em igual período do ano passado, tendo representado 42% das reclamações do setor".
Os CTT também viram aumentar o número de reclamações em abril, com um aumento de 28%, o que representa 54% das reclamações do setor.
"O atraso na entrega, sobretudo no que respeita ao serviço de encomendas, a falta de tentativa de entrega ao destinatário e as falhas na distribuição foram os assuntos mais reclamados pelos utilizadores em abril, e também os que mais aumentaram face ao período homólogo, a par do serviço de atendimento".
Os serviços de comunicações eletrónicas continuaram a ser os mais reclamados no período da pandemia, com cerca de 5,7 mil reclamações em abril, um aumento de 6%.
"O prestador de serviços mais reclamado neste período foi a Meo (36%), seguida da Vodafone (31%) e da NOS (29%)", refere a Anacom, apontando que "os assuntos mais reclamados estiveram relacionados com a gestão dos contratos, o cancelamento e a avaria de serviços, sobretudo fixos e, em particular, do serviço de acesso à Internet". Aumentaram também as reclamações sobre a velocidade de acesso à Internet neste período.
Já na primeira semana após o estado de emergência (2 a 8 de maio), o regulador aponta que "a utilização do livro de reclamações eletrónico aumentou, tendo sido registadas 1.960 reclamações através deste meio, mais 7% face à semana anterior".
Os serviços postais "foram os que mais contribuíram para este aumento, tendo havido 812 reclamações neste período, mais 25% face à semana anterior". De acordo com a Anacom, este setor atingiu um peso de 41% do total de reclamações, o que compara com 20% na semana em que se iniciou o estado de emergência, "tendo registado o maior número de reclamações desde que se iniciou o período de crise que vivemos".
Os CTT, que são os maiores operadores de serviços postais, foram os mais reclamados, com 475 reclamações, mais 38% que uma semana antes.
"As comunicações eletrónicas parecem estar num período de estabilização, tendo registado uma redução de 2% das reclamações na semana que passou, face à anterior", adianta a Anacom, destacando "o aumento relevante das queixas sobre avaria de serviços (+39%) e velocidade da Internet (+109%)".