Lucro da Caixa cai 32% para 86,2 milhões de euros no primeiro trimestre

O banco público refere que o resultado inclui reforço da imparidade de crédito e provisão para garantias bancárias no montante de 60 milhões de euros em antecipação dos efeitos expectáveis da crise económica”.

O lucro da Caixa Geral de Depósitos caiu 31,6% para 86,2 milhões de euros no primeiro trimestre do ano. O banco liderada por Paulo Macedo lembra que o resultado inclui o “reforço da imparidade de crédito e provisão para garantias bancárias no montante de 60 milhões de euros em antecipação dos efeitos expectáveis da crise económica”. A instituição financeira liderada por Paulo Macedo esclarece ainda que “o resultado reflete ainda os primeiros impactos económicos resultantes da pandemia Covid-19 que se começaram a sentir apenas na segunda quinzena de março. As medidas resultantes da declaração de estado de emergência originaram uma redução da transacionalidade e da procura de crédito, quer por empresas, quer por particulares”.

Caso contrário, segundo o presidente do banco público, a Caixa teria registado um lucro “ligeiramente acima ou em linha com o do ano passado”, que tinha rondado os 126 milhões.

A margem financeira caiu 7,3% para 262,8 milhões de euros, enquanto as comissões aumentaram 4,1% para 122,5 milhões de euros. No entanto, o banco público admite que “atividade comercial será naturalmente afetada, esperando-se uma redução da receita de comissões, devendo a margem financeira comportar-se dentro do estimado”.

Por sua vez, o crédito a clientes caiu 5,7% para 48 mil milhões de euros. “De referir que, influenciado pela conjuntura adversa no final do primeiro trimestre do ano, o ritmo de crescimento da nova produção registou um abrandamento”, refere o banco público.

Já os depósitos aumentaram 3,9% para 67,5 mil milhões de euros, “evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal”, explica.

No que que diz respeito ao rácio de malparado (NPL), atingiu os 4,5% no final de março, com o rácio líquido de imparidades se fixou nos 0,7%. O banco revela que a atuação no malparado levou a uma redução de oito mil milhões de euros (-76%) desde dezembro de 2016. O que leva Paulo Macedo a garantir que “o rácio de capital total está nos 19,2%, um dos melhores em Portugal”.

O banco público fechou março com 7066 trabalhadores na atividade doméstica, menos 34 do que no final do ano passado, e 551 unidades comerciais (incluindo agências, espaços Caixa e gabinetes de empresas), mais três do que em final de 2019.

No entanto, durante esta fase de pandemia, o banco público garantiu que 99% das 551 agências e gabinetes de empresa permaneceram abertos durante o estado ede Emergência retomando os 100% em final de abril. “A CGD tem demonstrado capacidade de resposta a este cenário de crise, seja na proteção de colaboradores e clientes, seja na continuidade das suas operações e das linhas de negócio”, referiu o banco público. 

A instituição financeira revelou também que antecipou o pagamento de 20 milhões de euros às pequenas e médias empresas (PME) suas fornecedoras, para mitigar as dificuldades de tesouraria geradas pelo impacto da covid-19.

Moratórias 

A Caixa tinha, na última segunda-feira, pedidos de 54 mil clientes para moratórias de crédito, disse hoje o administrador José de Brito na apresentação dos resultados do primeiro trimestre. Segundo o responsável, até segunda-feira, já o número de pedidos de clientes elegíveis era de 47 mil, com um valor total de capital dos créditos de 5,7 mil milhões de euros.

Dos clientes elegíveis para moratórias, até à mesma data, tinham já sido aprovados pedidos de moratórias de 38 mil clientes, cujos empréstimos totais ascendem a 4,7 mil milhões de euros.
José de Brito explicou que cada cliente pode pedir moratórias para vários créditos (por exemplo, crédito à habitação e crédito automóvel), pelo que os dados da CGD podem não ser diretamente comparáveis com os de outros bancos.

Desde final de março está em vigor a lei que permite a suspensão dos pagamentos das prestações de créditos à habitação e créditos de empresas (capital e/ou juros) por seis meses, de abril a setembro, estando a ser estudada pelo Governo a hipótese de essas moratórias serem estendidas.

Dividendos suspensos 

A CGD confirmou ainda hoje que vai seguir a recomendação do Banco Central Europeu (BCE) e que proporá na assembleia-geral que não sejam distribuídos ao Estado dividendos referentes a 2019, integrando esse montante em reservas.

No Orçamento do Estado de 2020, o Governo previa que a CGD entregasse 237 milhões de euros em dividendos referentes a 2019.