André Ventura dispensado do Correio da Manhã e da CMTV

Segundo o diretor-geral do grupo Cofina a decisão “foi uma decisão editorial” relacionada com “princípios ditados pelo estatuto editorial do projeto CM”.

Depois de não ter participado, segunda-feira, programa televisivo de comentário desportivo Pé em Riste, foi hoje avançado pela Visão e confirmada pelo diretor-geral editorial do grupo Cofina, Octávio Ribeiro, que André Ventura, deputada do Chega, deixou de ser comentador do Correio da Manhã e da CMTV. Segundo o diretor-geral do grupo Cofina a decisão "foi uma decisão editorial".

Questionado se a saída de André Ventura está relacionada com questões políticas, o diretor-geral editorial da Cofina indicou que esteve relacionada com "princípios ditados pelo estatuto editorial do projeto CM". Octávio Ribeiro salientou que "a liberdade de expressão também é manifestação de igualdade entre todos os cidadãos de todas as etnias".

"No plano pessoal, desejo a André Ventura felicidades. Nada mais há a dizer", respondeu o diretor-geral editorial do grupo que detém o Correio da Manhã e da CMTV, apontando que a decisão foi efetivada na sexta-feira.

Contactado pela Lusa, também o deputado confirmou a saída e assinalou que a decisão lhe foi transmitida na sexta-feira. "Ficámos a bem", disse apenas, escusando-se a prestar mais esclarecimentos.

Segundo a Visão, Ventura já não participou nem no dia 11 nem no dia 18 no Pé em Riste, tendo sido entretanto substituído.

Citando Octávio Ribeiro, o Expresso adianta que "foram ultrapassadas algumas linhas vermelhas e também já era altura de repensar os painéis".

"Não se trata de censura, mas chegou uma altura em que considerámos que as suas posições colocavam em causa direitos previstos na Constituição, como o direito à vida e a igualdade dos cidadãos perante a lei", disse o diretor ao semanário.

No início do mês, o deputado e ainda líder do Chega anunciou que iria dar entrada na Assembleia da República "um plano específico de abordagem e confinamento para as comunidades ciganas, face à pandemia de covid-19".

Apesar de ainda não ter entregado nenhum diploma, esta intenção gerou críticas de vários setores da sociedade, incluindo do futebolista Ricardo Quaresma.

O tema chegou ao último debate quinzenal, tendo a coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, dito a Ventura que "as ideias racistas" como o confinamento de ciganos "hão de ir parar ao caixote de lixo de onde nunca deviam ter saído", e o primeiro-ministro, António Costa considerado que o deputado "foi de trivela" e levou "um baile do Quaresma".

Há um ano, durante a campanha para as eleições europeias, André Ventura, que na altura era candidato pela coligação Basta, faltou a um debate com candidatos para participar, à mesma hora, no programa da CMTV onde era comentador habitual.

As críticas motivadas por esta escolha levaram o então cabeça de lista a colocar o lugar à disposição poucos dias antes das eleições, mas acabou mesmo por ir a votos.