A Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP) pediu ao Governo para que este setor seja integrado nas medidas previstas para apoiar o turismo. Em comunicado, a associação revela que “se nada for feito até ao final do primeiro semestre”, poderão ser despedidas mais de 1500 pessoas até ao final do primeiro semestre deste ano.
“Fomos dos primeiros setores a ser afetados pela covid-19 e, tudo indica, seremos dos últimos a poder regressar à normalidade laboral”, defende José Luís Carreira, presidente da ARP.
O prolongamento da possibilidade de manutenção do lay-off por um período de nove meses e a inclusão dos sócios-gerentes nesta medida; a criação de moratórias específicas para os encargos financeiros fixos durante um período de 12 meses e o prolongamento dos contratos públicos de transporte escolar são algumas das reivindicações já entregues à Secretaria de Estado da Mobilidade e à do Turismo.
“Com a proibição das viagens turísticas nacionais e internacionais, deixámos de ter clientes, deixamos de faturar. Fomos dos primeiros setores a sofrer as consequências económicas e financeiras deste surto”, destaca o presidente da associação.
Apesar do desconfinamento, a associação acredita que o transporte pesado de passageiros vai continuar a ser afetado durante vários meses “dado que as viagens e a própria estadia nas unidades hoteleiras têm fortes limitações aos grandes grupos de turistas”.
A ARP, que representa 120 empresas de transportes pesados de passageiros e emprega 3500 pessoas, garante que “as frotas estão paradas há quase três meses. Temos os parques de estacionamento cheios e as caixas registadoras vazias porque apesar de estarmos em lay-off continuam a existir custos fixos, como os seguros e os leasings dos autocarros, que as empresas têm de pagar”.
José Luís Carreira frisa ainda que 75% das empresas associadas trabalham na área do turismo e “dependem muito do mercado internacional, como os EUA, Brasil, Ásia e Europa, com os seus grupos de turistas tão característicos”. “Enquanto estes grandes grupos não voltarem a viajar, vamos ser fortemente afetados, uma vez que também a nível nacional não haverá visitas de estudo, nem atividade de praia para as crianças, ou os alugueres habituais de 1 e 2 dias por nacionais, as peregrinações, as viagens de incentivo das empresas para os seus funcionários, etc.”, acrescenta.
“É fundamental que o Turismo de Portugal olhe para o transporte pesado de passageiros como uma atividade essencial ao turismo e que, por isso, deve ser um parceiro a ouvir na definição de estratégia para relançamento da atividade económica”, explica José Luís Carreira. O presidente da ARP defende também que o Código de Atividade Económica seja incluído nas medidas já definidas ou a definir para apoio ao turismo.
Outra das propostas apresentadas pela ARP diz respeito à extensão do selo sanitário “Clean & Safe” ao setor do transporte pesado de passageiros, uma vez que “seria uma garantia de segurança para os potenciais clientes”.