O número de empresas que despediram pessoas ou que pensam vir a despedir duplicou de abril (13%) para maio (26%). Esta é uma das conclusões do último inquérito realizado pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) a um universo de mais de duas mil empresas na semana de 8 a 12 de maio.
O inquérito revela que os setores do alojamento e restauração (49%), transportes e armazenagem (34%) e serviços (26%) são os que mais revelam esta tendência.
Segundo o mesmo inquérito, também os pedidos de financiamento pela Linha Covid-19 duplicaram de abril (21%) para maio (40%) com o setor da indústria a registar a maior evolução (de 23% para 45%). Recorde-se que o Governo atribuiu 6,3 milhões de euros para ajudar as empresas mas grande parte dos inquiridos neste inquérito da AIP entende que este financiamento é um dos maiores problemas: 87% ainda não tinha recebido, nesta semana, o financiamento aprovado. A AIP revela também que, do número de operações, menos de metade (43%) foram aprovadas, 45% estão a aguardar decisão e 11% não foram aprovadas.
Quantos aos bancos, o Millennium foi o que registou o maior número de pedidos de financiamento (26%) e também a maior taxa de aprovação (31%). Do lado contrário está o Santander que apresentou a maior taxa de não aprovação (23%).
As micro e as pequenas empresas, as dos setores dos serviços e da indústria, e as não exportadoras foram as que apresentaram a maior taxa de não aprovação por avaliação de risco por parte dos bancos.
Questionadas sobre qual consideram ser a principal causa para o esgotamento da Linha Covid-19, 64% das empresas defende que a procura acima do estimado por parte das empresas é a principal causa. A possibilidade de algumas empresas terem aproveitado as condições mais competitivas apesar de terem uma tesouraria equilibrada (17%) e a possibilidade de bancos utilizaram as linhas para melhorar condições de empréstimos anteriormente concedidos (16%) foram as duas outras causas apontadas pelas empresas inquiridas.
No que diz respeito às atuais medidas de liquidez, 63% das empresas consideram a “muito prioritário” a prorrogação dessas medidas. Desse valor, a maior parte destaca a suspensão das contribuições para a Segurança Social e a suspensão das obrigações fiscais. Além destas medidas, as empresas defendem ainda a prorrogação das moratórias de crédito e do layoff.
Mais de metade (57%) das empresas defende ainda novas medidas além das já existentes. Desse valor, 72% defende a isenção temporária da TSU, 65% a redução da carga fiscal nos combustíveis e eletricidade, 62% a suspensão do pagamento de impostos, 60% o pagamento direto da Segurança Social aos trabalhadores em layoff e uma margem mais pequena, 26%, defende seguros de crédito.
Na medida mais prioritária defendida pelas empresas – a suspensão da TSU – o setor que mais defende esta posição é o dos serviços (86%).
O inquérito aborda ainda as medidas de desconfinamento e o retorno à atividade económica. 61% das empresas defendem que as medidas são adequadas e 39% acha que são insuficientes. Os resultados revelam ainda que 44% das empresas consideram positivas a manutenção do teletrabalho por decisão unilateral.