Desde segunda-feira que os restaurantes de norte a sul do país têm permissão para reabrir portas com as devidas regras de segurança. E, de uma forma geral, os clientes têm acatado essas normas estabelecidas devido à covid-19, apesar de uma «adesão muito fraca» nesta primeira semana. Têm percebido, contudo, as dificuldades visíveis dos funcionários e compreendido que Portugal vive uma fase diferente do que a habitual no setor da restauração. Por outro lado, existem também casos de «algum abuso» dos clientes nas esplanadas.
Ao SOL, Daniel Serra, presidente da associação nacional de restaurantes PRO.VAR, relatou que as maiores dificuldades sentidas têm sido ao ar livre, onde existirá naturalmente maior à vontade por parte dos clientes. «Existe uma certa apreensão por parte de alguns funcionários. Querendo cumprir o rigor e manter o grau de segurança elevado, existem, no entanto, algumas situações de algum abuso nas esplanadas por parte dos clientes que não respeitam as orientações. Sentem que naquele local é mais aligeirado, enquanto no interior do restaurante é diferente», contou.
Tanto no interior dos estabelecimentos como nas esplanadas, a utilização de máscara é obrigatória para os funcionários, bem como a frequente higienização das mãos, que também tem de ser feita devidamente pelos clientes. O espaço útil para servir é reduzido a uma capacidade máxima de 50% do estabelecimento e é recomendado ainda um distanciamento físico de dois metros no mínimo caso se faça acompanhar por alguém que não habita a sua casa. Estas são algumas das regras impostas pelo Governo, mas há muitas mais. No entanto, não parecem estar a ser muito preocupantes nesta fase inicial de reabertura, durante a qual tem vindo a reforçar-se o sentimento de confiança entre funcionários e clientes.
«No interior dos restaurantes, há um grau de exigência elevado, tanto por quem trabalha como também por quem o visita. Há aqui uma questão quase psicológica. Mas as pessoas normalmente procuram este elevado grau de exigência. Isso depois não se vê tanto nas esplanadas, nas quais, apesar de haver cuidado, os clientes já facilitam e há uma dificuldade na manutenção das regras, nomeadamente na movimentação de cadeiras. No interior do espaço, as pessoas têm cumprido e há uma confiança que está a começar a crescer, mas ainda muito lentamente», revelou Daniel Serra, sublinhando que os restaurantes nas zonas ribeirinhas ou de praia têm faturado um pouco mais. Mas mesmo nos outros tem-se proporcionado segurança aos clientes. «As pessoas, à saída dos restaurantes, dizem que querem voltar e que se sentiram seguras. Realmente existe essa predisposição para voltar e até incentivar outras pessoas a fazê-lo. E, portanto, há essa satisfação da nossa parte. Existe uma compreensão e uma inter ajuda importante», admitiu.
Funcionários adaptados a nova realidade
Os funcionários, por seu turno, também se têm mostrado adaptados a esta nova realidade. E esse sentimento também é positivo para a mensagem que é transmitida a quem se desloca até um determinado restaurante para almoçar ou jantar. «Falei com colaboradores de cerca de 30 restaurantes e já se sentem adaptados. E dizem que os clientes também valorizam muito essa questão da segurança. Existe de parte a parte um cumprimento praticamente integral. Tem sido uma transição tranquila», rematou.
Apesar do bom ambiente geral nesta primeira semana de reabertura, a associação tem vindo a mostrar o seu descontentamento nas soluções encontradas para as rendas, que «têm um peso muito relevante na estrutura de custos dos espaços de restauração». À data de hoje, as quebras de faturação são, em média, na ordem dos 80%. «Não há modelo de negócio que possa resistir por muito tempo a esta realidade», garantiu a PRO.VAR.
Pode ir a banhos nas praias
Se já pensou em ir à praia nestes dias de calor para dar um mergulho no mar, saiba que é uma ideia que já pode pôr em prática, porque já é possível. Só era permitida a entrada no mar para praticar desporto, mas a resolução do Conselho de Ministros publicada na segunda-feira deu luz verde também àqueles que querem aproveitar para se refrescar. Assim, passaram a ser possíveis «deslocações para efeitos de fruição de momentos ao ar livre, designadamente em parques, nas marginais, em calçadões, nas praias, mesmo que para banhos, ou similares», pode ler-se na resolução.
A época balnear começa apenas no próximo dia 6 de junho, altura em que vai aumentar a vigilância nas praias tanto pelos nadadores-salvadores como pelos elementos da Polícia Marítima, mas até lá há que cumprir determinadas regras de distanciamento social devido ao novo coronavírus. No entanto, é indicado também, segundo a mesma resolução, o «dever cívico de recolhimento», pelo que não é aconselhável passar muito tempo fora de casa.
Durante a época balnear, as regras vão ser mais específicas, com o objetivo de haver um maior controlo em tempo de pandemia. À entrada das praias, haverá, por exemplo, semáforos que vão indicar a lotação de cada uma e se pode efetivamente estender a sua toalha. Esta é uma das normas implementadas pelo Governo. Mas, esta semana, foi revelada outra: a existência de uma área para isolamento de casos suspeitos de covid-19.
Segundo o manual das linhas orientadoras da época balnear, elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente em conjunto com a tutela, todas as praias têm de disponibilizar uma área onde seja possível isolar quem tem sintomas do novo coronavírus. Além disso, é obrigatória a existência de termómetros e de outros equipamentos de proteção individual nos postos de primeiros socorros. E é o responsável da gestão do posto que tem o dever de interditar «a aproximação de qualquer outra pessoa até à chegada da equipa de emergência médica».
Já as zonas de estacionamento vão também merecer especial atenção por parte das autoridades e serão fiscalizadas. O objetivo é que os banhistas não estacionem os veículos em áreas que não são adequadas, para evitar ajuntamentos. «Deve ser incrementada a ação policial para autuar e rebocar viaturas estacionadas de forma irregular», refere o manual, acrescentando que caso os espaços formais para estacionamento não existam, «compete às autarquias proceder ao ordenamento do espaço de estacionamento».