No dia em que o primeiro-ministro recebeu os parceiros sociais, a CGTP voltou a defender o aumento do valor atribuído aos trabalhadores em lay off para a totalidade do seu rendimento habitual "para acabar com a pobreza”. Já a UGT pediu pelo menos quatro quintos do valor do salário.
“Aproveitámos a reunião com o primeiro-ministro para fazer uma avaliação das medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores que estão em vigor e reafirmámos a necessidade de salvaguardar todos os empregos, independentemente do vínculo, e a totalidade das remunerações, para acabar com a pobreza dos trabalhadores", disse, citada pela agência Lusa, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, no final do encontro com António Costa desta quarta-feira, com vista à recolha de contributos para a elaboração do Programa de Estabilização Económica e Social.
"Quaisquer medidas que venham a ser tomadas não podem manter os cortes nas remunerações, até porque se os trabalhadores mantiverem o seu poder de compra contribuem para o aumento do consumo interno, tão necessário nesta fase", sublinhou a dirigente sindical, que considera inaceitável o facto de milhares de trabalhadores estarem a ser obrigados a recorrer a apoios como o do Banco Alimentar para enfrentar a crise.
A GCTP alertou ainda para a necessidade de garantir os apoios necessários à sobrevivência das pequenas empresas, bem como à manutenção dos seus postos de trabalho.
Defendendo que os trabalhadores em regime de lay off devem receber pelo menos quatro quintos do seu salário que, num caso de prolongamento do regime de lay off simplificado, seriam pagos a meias pelas empresas e pela Segurança Social, como forma de evitar a descapitalização da Segurança Social, a UGT lembrou que “nenhum trabalhador pode ficar para trás e que os trabalhadores devem ter uma situação equitativa relativamente às empresas”.
O sindicalista Carlos Silva defendeu ainda que todos os desempregados devem ter direito a um apoio. "Todos os trabalhadores que ficaram no desemprego e que não reúnem os requisitos necessários para aceder ao respetivo subsídio devem receber pelo menos o valor do Indexante de Apoios Sociais, cerca de 438 euros", afirmou o dirigente sindical à saída da reunião, notando que António Costa colocou a ideia de parte.
No final da reunião, o primeiro ministro lembrou que o regime de lay off simplificado “permitiu até ao momento preservar mais de 800 mil postos de trabalho", mas defendeu que a medida "tem de evoluir a partir do final de junho de forma a que não seja um incentivo negativo” ou de se vir a transformar num “instrumento penalizador para o rendimento das famílias".
Em linha com o que foi defendido pela CGTP e a UGT, também António Costa afirmou que o lay off tem de "deixar de ser um factor de perda do rendimento dos trabalhadores”. O primeiro-ministro prometeu que já na próxima semana será apresentado pelo Governo um programa de estabilização económica e social.