O Fórum para a Competitividade (FpC) reviu em baixa a sua previsão para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) português em 2020 e mostra-se mais pessimista em relação ao impacto económico da pandemia de covid-19.
Na nota de conjuntura de maio, ontem divulgada, o FpC prevê agora uma queda do PIB português entre 9% e 15% em 2020, um cenário de crise agravada, em comparação com a estimativa apresentada em abril – onde a previsão apontava para uma descida do PIB entre os 4% e 8% este ano. “Em Portugal, os dados muito negativos de abril e maio; os grandes atrasos nos empréstimos e ajudas públicas; as mensagens contraditórias que estão a travar o desconfinamento; a maior lentidão esperada na recuperação internacional levam o Fórum para a Competitividade a rever em forte baixa as suas estimativas para 2020, perspetivando agora um PIB com uma evolução entre -9% e -15%”, lê-se no documento.
O impacto da pandemia já se fez sentir no primeiro trimestre deste ano, com o registo de uma queda de 2,3% do PIB, em termos homólogos, e de 3,8%, em cadeia. Tendo em conta que, neste período, apenas se verificou uma quinzena de confinamento (em março), é expectável uma evolução negativa dos números a partir do segundo trimestre. “Como é evidente, a queda do 1º trimestre, sob o efeito da pandemia apenas durante algumas semanas, é uma – muito – pálida imagem do que deverá ocorrer no 2º trimestre”, esclarece o FpC.
A nota de conjuntura dá igualmente conta da evolução do mercado de trabalho, onde se registou um aumento acentuado e acelerado do desemprego: “A subida mensal do desemprego em abril, de 14%, é a maior de que há registo (desde 1977), reforçando todos os anteriores indicadores de crise invulgarmente rápida”.
Os analistas da entidade liderada por Ferraz da Costa consideram serem necessários dois anos para recuperar da recessão que será registada em 2020, por via de “recuperação gradual e parcial” em 2021 – uma análise em linha com as estimativas do Governo.
Governo com “negativa”. Analisando a resposta pública dada à situação de crise, na sequência da suspensão da atividade económica, devido à pandemia de covid-19, o FpC atribui nota negativa ao Governo: “suficiente menos”. “Um dos aspetos a referir, infelizmente, é o muito significativo atraso nos apoios públicos, desde os pagamentos de layoff, aos empréstimos às empresas (só 28% do crédito aprovado chegou às empresas), aos pagamentos a fornecedores (que subiram quando deveriam ter baixado drasticamente) e até nos reembolsos de IRS”, refere o relatório.
Recorde-se que a estimativa do FpC é, até ao momento, a mais pessimista das várias que já surgiram, pelas entidades nacionais e internacionais. O Governo aponta para uma queda de 7% e a Comissão Europeia de 6,8%. A estimativa mais pessimista, até aqui, pertencia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que indicava uma descida de 8% do PIB português em 2020.