O desenvolvimento (evolução) das sociedades segue os caminhos ditados pela Natureza cósmico-ecológica e pela biologia e metabolismo dos seres e grupos humanos. Os sapiens-sapiens, dotados de todas as capacidades biológicas que temos hoje, surgiram há cerca de 300.000 anos em África. Todo o tempo que mediou entre esse tempo até há cerca de 85.000 anos foi um tempo de lento crescimento numérico e de Dispersão no interior de África. A partir desse momento, a dispersão continuou também fora de África, até à Austrália, à Europa, à Ásia e, finalmente, às Américas, levando à ocupação dos mais variados ecossistemas espalhados por todo o planeta. Aquando da explosão do vulcão Toba, há 70.000 anos, a população mundial de humanos ficou reduzida a cerca de dez mil pessoas, tendo, no entanto, crescido até aos 5 milhões, por volta de 10.000 anos AC.
Como caçadores-recoletores, aprendemos a viver em toda a extensão do planeta, conhecemos todo o tipo de ecossistemas e, mantendo embora inalterada a ‘base comum’ (biológica e sociobiológica, característica do Viver humano), diferenciámo-nos bastante, como resultado das diferentes vivências/experiências, numa miríade de entendimentos sobre a Natureza, sobre nós próprios e sobre as relações entre ambos, a que chamamos Culturas.
Por volta dos 10.000 AC, começámos a reencontrar-nos, nas margens dos grandes rios, usando os conhecimentos antes adquiridos quanto à vida das plantas e dos animais, não nos reconhecendo como irmãos (descendentes do mesmo grupo inicial) mas sim como estranhos uns aos outros, nos hábitos, na fala, no ‘entendimento dos mundo’; enfim, como concorrentes quanto aos recursos de vida disponíveis ou, até como adversários e inimigos. Fora aberta uma nova fase da nossa existência como espécie, a fase do reencontro e da gradual constituição de uma Sociedade Humana Global.
Uma das condições para a sucessiva simbiose entre os diversos grupos de base familiar em agrupamentos cada vez maiores e complexos foi a emergência do poder. Este foi e continua a ser ainda hoje um instrumento essencial para a ‘amalgação’ e ‘fusão’ dos diversos grupos humanos de modo a poderem compartilhar um território e uma cultura comuns.
Outra das condições foi o sucessivo ‘desenvolvimento das forças produtivas’, o qual passou pela extensão e gradual intensificação da agricultura e da criação de animais e pela produção cada vez maior dos mais variados produtos, através da produção artesanal e, mais tarde, industrial e da sua conjugação com as tecnologias de informação. O mundo ‘uniu-se’, dos pequenos acampamentos nómadas até às megacidades resultantes dos vários processos de integração globalizadora.
No topo dos grandes avanços dos últimos três séculos encontra-se um modelo de gestão das sociedades (e da ‘sociedade global’) a que se chamou Capitalismo, o qual corresponde à subordinação de todas as ‘esferas da vida’ (política, cultural, social, económica e ambiental) às necessidades de acumulação de capital e do desenvolvimento tecnológico. Tendo embora obtido extraordinários êxitos na produção massiva de recursos que possibilitam a satisfação global das necessidades humanas e sociais, o capitalismo não respeita as condições humanas e ambientais mínimas para a integração da espécie, processo para o qual são condições básicas: a aceitação do ‘diferente’ como um nosso; a restauração dos valores éticos nas relações humanas e sociais; uma cooperação extensiva; e uma democracia amplamente participativa.
Do capitalismo, como sistema de gestão social, só poderão resultar, na nossa época, a derrocada dos sistemas de suporte social (como se vê pelos resultados miseráveis dos EUA e do Reino Unido na presente pandemia), e guerras catastróficas de aniquilação mútua (para o lançamento das quais estes países se preparam).
Algo de novo terá de nascer. Um mundo de Paz onde todos caibamos. Uma Pátria Global!
Aproximemos-lhe a hora!