Estamos no dealbar de uma crise que teremos de vencer com coragem, resiliência e determinação. Com criatividade e espírito de arrojo – chega de repetições de fórmulas vazias, repletas de lugares comuns, de tretas políticas e de conceitos teóricos sem aderência à realidade.
Se todos mudamos, se as circunstâncias mudam – então, por maioria de razão e imperativo de urgência, a Política, as políticas e os políticos têm de mudar.
Mas não mudam – políticos antigos, de tempos antigos e antigos modos, são incapazes de se adaptar às exigências do tempo excecional que vivemos. Ninguém foge à sua natureza: Marcelo e António Costa (sobretudo eles) também não.
Nestes tempos virais, ambos mantêm-se viralmente fiéis à sua índole – governam para a manchete do dia seguinte, para a tirada mediática que será comentada nos programas de entretenimento das televisões nacionais. Governar, para eles, é sobretudo entreter, distrair e empurrar os problemas para um futuro mais ou menos distante.
Isto é o pior do corporativismo político: os líderes políticos auto-salvam-se, mesmo que a expensas da destruição nacional. Que o mesmo é dizer: ainda que o custo dos seus brilharetes mediáticos seja a inviabilização do projeto político coletivo nacional português.
Não, o que está em jogo não é apenas a soberania económica de Portugal; já é a própria sobrevivência de Portugal como entidade política soberana.
Só assim se percebe que num momento histórico, como o que vivemos, em que os portugueses se angustiam quanto ao seu presente e futuro, com o risco de pobreza iminente, com milhares de famílias portuguesas a recearem a descida brusca do sue nível de vida para patamares contrários à dignidade da pessoa humana – eis que os gabinetes dos nossos iluminados Presidente da República e Primeiro-Ministro andaram a ver quem tramava quem…no que respeita a essa magna questão política: quem iria ver primeiro o espetáculo do Bruno Nogueira!
É verdade: Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa andaram a disputar o lugar de honra na tribuna do Campo Pequeno para assistir a esse momento de salvação da Cultura (com C grande!) portuguesa – a estreia do espetáculo “Deixem o Pimba em Paz!”.
Era, sem dúvida, uma prioridade nacional: como poderíamos viver sem que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa fizessem tudo ao seu alcance, recorrendo às técnicas mais sofisticadas de intriga política da capital, para se tramarem reciprocamente em ordem a reclamarem o prémio conhecido como…«eu fui o primeiro órgão de soberania a ver o Buno Nogueira»?
Num golpe de génio, o gabinete de António Costa conseguiu enganar a Presidência da República, marcando lugar na plateia do “Pimba” no dia anterior à presença de Marcelo! Marcelo não escondeu a sua fúria para com António Costa junto dos jornalistas no dia seguinte…Marcelo não gostou de ser pimbado por Costa…ele deveria ter sido o primeiro a ver Bruno Nogueira!
Porquê esta obsessão com Bruno Nogueira? Porque Bruno Nogueira terá sido um fenómeno de audiências no Instagram – ora, como Marcelo e António Costa não podem perder um foco de popularidade, logo andaram às turras para saber quem caça o Bruno Nogueira primeiro!
Ganhou António Costa, que passou, sem dificuldades, a perna a Marcelo e ao seu staff! Viva esta República Portuguesa – esta, ao menos, já pimbou há muito tempo…Nos últimos tempos até tem sido um pimba no povo português sem paralelo…
António Costa – façamos-lhe justiça! – tem honrado o apelo de Bruno Nogueira: Costa não tem deixado o pimba na República Portuguesa em paz. Tem pimbado na dignidade das instituições com especial frequência e proficiência…
O último episódio deste pimba regular (uma verdadeira atração fatal de Costa, sempre que cheira a dinheirinho da Europa ou a falsas nacionalizações para amigo ver…) foi a designação de um Ministro sem ser..Ministro.
Uma espécie de Ministro informal, desafiando todos os princípios e regras de Direito Constitucional e Direito Administrativo, que consegue a proeza de ter máximo poder com mínima responsabilidade. Máxima influência e acesso aos sempre apetitosos corredores de poder; com mínima transparência e nulo controlo democrático.
Parabéns: os Antónios Costas conseguem a proeza de pimbar na República Portuguesa (e sua dignidade) sem que os portugueses e os mecanismos democráticos da nossa República possam fiscalizar (e responsabilizá-los) por esse pimba.
Porque o problema de mais um Ministro sem ser Ministro de António Costa (todos sempre amigos íntimos de Costa…) não é só a incapacidade de o Parlamento os fiscalizar: é que também não estão submetidos ao regime de registo de interesses, de incompatibilidades e de transparência dos Ministros. Por exemplo, sabemos que a China adorou a nomeação do novo Ministro Informal Costa por Costa…
O Embaixador da China em Portugal congratulou-se com esta novidade/prenda que António Costa lhe deu…Enfim: mais uma nomeação de Costa sem Pinto de vergonha. Fica, pois, a fórmula para o futuro: primeiro, escolhe-se um Governo formal, irrelevante; depois, forma-se um verdadeiro Governo informal, de legalidade duvidosa e à margem dos mecanismos de controlo político-constitucional.
É António Costa a ser António Costa…Ele pode tudo, porque ele é o dono disto tudo.
Se os Ministros do Governo socialista à Costa tivessem um mínimo sentido de dignidade pessoal, colocariam de imediato o lugar à disposição: no fundo, o Primeiro-Ministro está a chamar a todos os seus Ministros (formais) incompetentes sem remição.
Nomear um amigo íntimo como “paraministro” é a maior declaração de incompetência passada aos seus Ministros (que o são a 100%).
Na verdade, se é preciso um amigo íntimo de Costa para ir ensinar aos Ministros o que devem fazer, que políticas devem adotar e como deverão executá-las, então significa que António Costa é o primeiro a admitir que o seu Governo é um hino à incompetência – e que os seus Ministros são meros figurantes que devem estar longe dos milhões que vêm de Bruxelas…
E o Presidente da República, que tem a dizer sobre isto? Bom….vamos lá ver o espetáculo do Bruno Nogueira – e deixem a pimbalhada política nacional em paz! Que a pimba socialista na dignidade das instituições portuguesas continue – como se sabe, quem ousar incomodar a pimba socialista só pode ser fascista!
Deixem o pimba socialista na democracia portuguesa dos Costas em paz!