Entre 1 de março e 24 de maio morreram mais 2374 pessoas em Portugal do que no mesmo período de 2019 e mais 1133 do que em 2018. A conclusão é do Instituto Nacional de Estatística, que apresentou esta sexta-feira uma nova leitura sobre o contexto demográfico e impacto socioeconómico da covid-19. O acréscimo de mortes supera o número de óbitos por covid-19 registados até 24 de maio (1316), sendo que a análise do INE confirma que o aumento da mortalidade se verifica sobretudo acima dos 75 anos, não apontando causas. Neste grupo etário, registaram-se mais 2262 mortes do que no mesmo período do ano passado e mais 1083 em comparação com o ano anterior.
O INE assinala que em 172 dos 308 municípios portugueses o número de óbitos registados nas últimas quatro semanas (entre 27 de abril e 24 de maio de 2020) foi superior ao valor homólogo de referência (média do número de óbitos para o mesmo período em 2018 e 2019). Deste conjunto, destacam-se 34 municípios que registaram um número de óbitos 1,5 vezes superior ao valor registado no período homólogo de referência. Foi o caso de Avis, Castanheira de Pera ou Ribeira das Lages, nos Açores.
Ovar mantém-se como o município com mais casos de covid-19 por 10 mil habitantes
Na análise da distribuição da infeção por covid-19 no território nacional, o INE conclui que a 3 de junho havia 50 municípios com número de casos confirmados por 10 mil habitantes acima do valor nacional, que naquela data era de 32,6 casos confirmados de COVID-19 por 10 mil habitantes. Ovar continua a ser o município mais afectado tendo em conta a população, com 123 casos por cada 10 mil habitantes.
Se o norte foi o epicentro inicial da epidemia, o INE destaca nas últimas semanas "o progressivo abrandamento do número de novos casos registados na Área Metropolitana do Porto e, por sua vez, o progressivo aumento do número de novos casos na Área Metropolitana de Lisboa, assinalando que a região regista valores acima da média nacional desde o dia 30 de abril."
Número de desempregados inscritos nos centros de emprego é do dobro face ao ano passado em 74 municípios – no Algarve quadruplicaram
Já se sabia que nos últimos três houve um aumento de 100 mil desempregados no país, mas a análise do INE vai agora mais longe mostrando os concelhos e regiões mais afectadas. Em abril de 2020, registaram-se 10,2 novos desempregados inscritos em centros de emprego por mil habitantes entre os 15 e 64 anos, no Continente, correspondendo a um aumento de 19% face ao mês anterior, revela a análise. Ao nível regional, destacavase o Algarve (20,8) com o maior número de novos desempregados por mil habitantes entre as cinco regiões do Continente e, também com valores acima da referência nacional, a Área Metropolitana de Lisboa (10,8). Em 74 municípios, localizados maioritariamente nas regiões do Algarve (14 num total de 16), do Alto Minho (9 em 10) e da Área Metropolitana de Lisboa (9 em 18) por apresentarem, em abril de 2020, um fluxo de desempregados mais de duas vezes superior ao registado no mesmo mês do ano anterior. Em alguns concelhos do Algarve, os números de desempregados quadruplicaram.
Em termos de indicadores socioecómicos, o INE destaca ainda que a Área Metropolitana de Lisboa e Algarve tiveram reduções superiores a 40% no valor de compras e de levantamentos por habitante em abril 2020 face ao mesmo mês do ano passado, registando quebras maiores que o Norte e outras regiões do país. Ainda assim, na maioria dos concelhos nacionais (94%), o valor de compras nacionais através de terminais de pagamento automático foi inferior ao valor homólogo.
O INE lança hoje uma nova plataforma que permite acompanhar a evolução destes indicadores, mais uma ferramenta gráfica para acompanhar o impacto da pandemia no país.