A ministra da cultura, a tal que se viu catapultada para as actuais funções por via do preenchimento de quotas destinadas a certas minorias, tem provado, em cada dia que passa, uma completa inabilidade para o exercício do cargo de que foi investida e também uma total ausência de vergonha na cara ao mentir, descaradamente, aos deputados e, consequentemente, a todos os portugueses, quando garantiu, no parlamento, que o prazo para o reinício da actividade tauromáquica seria exactamente o mesmo que o determinado para os restantes espectáculos.
De facto o Campo Pequeno, que é, acima de tudo, uma praça de toiros, abriu as suas portas ao público no primeiro dia em que cessaram as restrições para a realização de eventos com espectadores, não para um espectáculo taurino, como seria expectável, mas sim para uma sessão dita de humor com um dos engraçadinhos do regime.
Por sinal aquele a quem a estação pública de televisão concedeu uma série de programas em horário nobre, permitindo-se, o engraçadinho, num momento televisivo sem dúvida hilariante, ter como convidada de honra, logo no primeiro programa, a própria Mãe!
E as mais altas figuras do Estado, que no passado não tiveram quaisquer pruridos em marcar presença em corridas de toiros, das quais agora fogem a sete pés, não vá serem trucidados pelo politicamente correcto, lá se prestaram à sessão solene de vassalagem ao poder político vigente do engraçadinho que juntou no Campo Pequeno um amontoado de gente, certamente escolhidos entre aqueles que se manifestaram imunes ao vírus que por aí anda.
O vírus que, no entendimento das cabecinhas que nos desgovernam, parece ser mortífero quando tem um toiro perto de si, mas que desaparece, como por magia, quando confrontado com uma piada qualquer, talvez por não ter sentido de humor!
Outro engraçadinho do regime aproveitou a deixa para procurar dar um ar da sua graça, que imagina ter, ao rebater uma tomada de posição corajosa assumida por Miguel Sousa Tavares, alguém de quem discordo frequentemente mas que, neste caso concreto, lhe tiro o chapéu, por insurgir-se contra a dualidade de critérios entre os espectáculos taurinos e os outros.
O tal pseudo-humorista, sou obrigado a reconhecer, desta vez conseguiu roubar-me um leve sorriso, ao justificar a não realização de touradas, em contraponto com os momentos de diversão humorística, por, no seu genial pensamento, aquelas se destinarem apenas a alguns e estes serem para todos.
Se o referido engraçadinho não estivesse confinado ao seu umbigo, talvez se tivesse apercebido de que as praças de toiros, em todas as zonas do País onde existem, enchem sempre que há touradas, atraindo centenas de milhares de pessoas ao longo do ano, obviamente um número astronómico se comparado com aqueles que pagam do seu bolso para ouvir, ao vivo, umas piadas de mau gosto.
Ao contrário do que a criatura nos pretendeu fazer crer, as corridas de toiros são um espectáculo de raiz popular, atraindo gentes de todos os estratos sociais, enquanto que os engraçadinhos do regime apenas juntam a burguesia citadina, ávida de se exibir sob os holofotes de uma classe política decrépita e parola.
Também uma deputada do PAN quis aproveitar o momento para lançar uma série de alarvidades, típicas de quem não faz a mínima ideia do que é o mundo real, congratulando-se com a decisão governamental de manter a suspensão das corridas de toiros, por a considerar, e passo a citar, uma actividade que não é minimamente relevante para a nossa economia.
Se essa parlamentar percebesse minimamente de uma área da qual se diz entendedora, armando-se em defensora de uma natureza que apenas conhece dos livros que lhe impingiram, saberia que o espectáculo taurino proporciona milhares de postos de trabalho e movimenta as economias locais, não somente quando se realizam touradas, períodos nos quais o comércio se desenvolve por via dos forasteiros que ali acorrem, mas igualmente durante todo o ano, através de todas as actividades de preparação para a festa brava.
O chefe de fila dessa sabichona não lhe quis ficar a trás e resolveu ultrapassar todos os limites da decência, grau de conduta exigido a quem exerce funções de natureza pública, quando nos revelou o sonho com que foi agraciado, o de ver o interior do Campo Pequeno destinado à cultura e o exterior com os toureiros acorrentados.
Graças a Deus que o PAN representa apena 3% do eleitorado votante, ou seja, pouco mais de 1% do universo dos portugueses, enquanto que a tauromaquia está profundamente enraizada na cultura e nos costumes e tradições de quem nasceu português, sendo que os seus alicerces são demasiado sólidos para cederem às investidas dos dementes que a querem derrubar.
Eu também tive um sonho, o de que um dia Portugal voltará a ser governado por políticos com sentido de Estado, íntegros e dedicados em exclusivo à causa pública e ao bem-comum, e que a actual geração, que não governa mas antes se governa, será remetida para o caixote de lixo da História.
Vai demorar tempo, bem o sei, para não podemos desistir dos nossos sonhos.