Vejo que a reboque da morte de George Floyd se pretende rever a História, à luz dos valores actuais. Penso que o racismo de Leopoldo II da Bélgica, manifestado no Congo, já era mau no seu tempo. E talvez eu não entenda a estátua que lhe foi feita.
Agora o filme E Tudo o Vento Levou (uma das obras primas do meu tempo, baseada no livro homónimo de Margaret Mitchell, escritora e jornalista dos EUA, sulista, embora tenha dado uma imagem muito simpática dos sulistas (que parece na realidade terem sido mais simpáticos na Guerra da Secessão do que os Nortistas), já me diz respeito, e não aceito. Felizmente, tenho o vídeo, com que me posso deliciar, se os protestos forem mais avante. Com isto não quero dizer estar eu de acordo com a forma como Hollywood tratou os artistas pretos (ou negros, numa linguagem mais racista), até tardíssimo, mas quero continuar a ver aquele filme. Para já não falar da censura que se pretende fazer a Colombo (o ‘descobridor’ ocidental da América) ou sobre Churchill (o vencedor da II Guerra pelo lado democrático, e um grande estadista de direita).
E é de bradar a tudo quanto há que o Padre António Vieira seja agora defendido pela extrema-direita contra a esquerda. E lembrar-me que os jesuítas foram proibidos na época por serem demasiado antirracistas, numa linha cristã, e que agora a estátua do dito Padre António Vieira é defendida por pessoas da extrema-direita. Aqui não há evidentemente valores actuais a sobreporem-se seja ao que for. Os jesuítas foram demasiado avançados para a época. E os portugueses, a começar pelo Padre António Vieira, qye tinha sangue preto (ou negro) a correr-lhe nas veias, foram-no sobretudo no Brasil. O que irritou na altura muito boa gente.
Até o idiota Trump parece mais sensato do que outros, que se deveriam comportar decentemente.