Do ponto de vista da economia, a “final a oito” da Liga dos Campeões – que decorre em Lisboa, entre os dias 12 e 23 de agosto – é uma boa notícia para a capital e para o país. A reação dos empresários representativos dos setores da hotelaria e restauração, céleres a congratularem-se com o anúncio, foi imediata e esclarecedora. E as contas feitas pelos especialistas confirmam que, de facto, esta poderá mesmo ter sido o primeiro sinal para a recuperação da crise que se instalou com a chegada da pandemia a Portugal.
Daniel Sá, diretor executivo do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), admite que as receitas previstas com o evento estão “longe de salvar a economia portuguesa”, mas representam um “um impacto simpático”. “Mais do que esse impacto direto é todo o efeito indireto. Numa altura de contexto de recuperação de confiança é uma campanha publicitária fantástica para Portugal e para efeitos a longo prazo é muito poderoso”, diz.
O valor das receitas que se conseguirão obter dependerá sempre do número de adeptos que poderá acompanhar as equipas. “Este é o fator que influencia mais o impacto”, afirma o professor. O critério, já se sabe, é puramente sanitário, face à covid-19, mas mesmo no pior dos cenários – ou seja, se apenas for possível contar com a presença das equipas, staff, UEFA e patrocinadores – Daniel Sá garante “seguramente que o valor de dez milhões de euros é o mínimo dos mínimos” para a economia portuguesa.
50 milhões em 2014 Para sustentar as suas estimativas, o responsável recorda os impactos de 2014, quando a final da principal prova de clubes do mundo se realizou no Estádio da Luz: “Estudámos o impacto da final de 2014, em Lisboa, entre Real Madrid e Atlético de Madrid e apresentámos cerca de 50 milhões de euros de impacto em Lisboa”.
A realidade, porém, era outra. “Falávamos, na altura, em cerca de 70 mil visitantes, entre adeptos, jogadores, staff, e metade deste bolo do impacto ia para a hotelaria, cerca de 20% para a restauração e depois tudo o resto para outro tipo de serviços como segurança, hospitalidade, patrocínios, por aí fora”, explica.
O estudo, porém, não permite efetuar comparações plenamente assertivas, uma vez que “não é transportável” para o contexto atual. “Por um lado, foi um jogo e agora vamos ter sete e, por outro lado, porque não sabemos à data de hoje, se há público ou que quantidade de público pode haver”, sublinha.
Recorde-se que a UEFA confirmou na última semana as notícias que, há muito, apontavam Lisboa como o palco escolhido pela UEFA para receber a final eight da Liga dos Campeões. Os sete jogos (quartos-de-final, meias-finais e final) vão dividir-se entre o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade, com a final a decorrer no dia 23 de agosto, no estádio do Benfica, que assim substitui o Estádio Olímpico Ataturk, em Istambul (Turquia).