A cerimónia da reabertura das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha está marcada para 1 de julho e contará com as mais altas figuras de Estado dos dois países. O momento de viragem na resposta à covid-19 coincide com a data em que o cerco volta a apertar na periferia de Lisboa, com os habitantes de 19 freguesias a ter de cumprir recolhimento domiciliário, o que levou a imprensa espanhola a titular que as fronteiras iam abrir com 3 milhões de lisboetas em casa, número de imediato contestado pelo Governo e que não corresponde à realidade. Mas Lisboa faz de facto marcha atrás ao mesmo tempo que Portugal enfrentará o teste do controlo da covid-19 com maior circulação de pessoas. Até aqui, segundo os boletins da Direção Geral da Saúde, Espanha foi o país ao qual foram associados mais casos de covid-19 com ligação ao estrangeiro (177), segue-se França (137) e Reino Unido (88), sendo que os números de casos importados do estrangeiro não sofrem atualizados desde maio, apesar de a diretora-geral da Saúde já ter indicado que se continuaram a detetar casos de pessoas infetadas vindas de outros países. Graça Freitas salientou ontem que, nos aeroportos, deve ser entregue às operadoras um cartão que deve ser preenchido pelos passageiros no desembarque para facilitar rastreio de contactos. Questionada sobre relatos de que isso não está a acontecer, a diretora-geral da Saúde admitiu que pode haver falhas em alguns voos e que dará nota das mesmas.
Esta sexta-feira Bruxelas analisou a abertura a países de fora da UE, quando internamente cada país tem acabado por impor diferentes restrições – e Portugal tem estado entre os países com mais restrições, dado surgir nas comparações como o segundo na Europa com maior reporte de novos casos per capita, só atrás da Suécia. À hora de fecho desta edição, tudo apontava para que se mantivesse o veto a cidadãos dos países com mais casos, desde logo EUA e Brasil. Portugal manteve no entanto sempre voos de ligação a países de língua oficial portuguesa e com maiores comunidades de emigrantes, o inclui Brasil e ainda Reino Unido, os Estados Unidos da América, a Venezuela, o Canadá e a África do Sul, não sendo pedido isolamento profilático, mesmo da Europa – e o Reino Unido ou França registam mais novos casos por dia em termos absolutos que Portugal. Espanha, que tem tido menos casos, não ficou ontem muito longe dos 451 novos registados no país (419). Ainda não foi explicado como será o controlo nas fronteiras para viajantes que cheguem ao país de fora da UE.