O Facebook, Google, Twitter e o TikTok deram por si no meio de um conflito entre as duas grandes potências, com Hong Kong como campo de batalha. Para os Estados Unidos, como para muitos hongconguenses, a nova lei de Segurança Nacional, imposta por Pequim ao território administrativo especial, a semana passada, quebra os direitos humanos, ao expor a população a detenções arbitrárias; para a China, as críticas são uma violação à sua soberania.
Face à possibilidade que os dados recolhidos na internet fossem usados como ferramenta de repressão chinesa, Google, Facebook e Twitter deixaram de entregá-los às autoridades de Hong Kong: o TikTok até anunciou a saída deste território.
Importa lembrar que, apesar da internet ser fortemente censurada na China continental, onde aplicações como o WeChat, Weibo ou Baidu substituem o Facebook, Twitter ou Google, Hong Kong sempre escapou às medidas mais duras. Contudo, teme-se que isso vá mudar: a nova lei de Segurança Nacional pune a subversão, secessão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras – crimes definidos de forma tão vaga que já permitiram a detenção de manifestantes pacíficos.
É daí que surge a recusa dos gigantes tecnológicos em cooperar com as autoridades. Entre eles, o caso do TikTok é particularmente complexo: trata-se de uma empresa chinesa, mas que tenta distanciar-se do país de origem. A decisão de deixar de operar em Hong Kong – não há ainda uma data concreta – é diretamente associada ás ameaças de expulsão do mercado norte-americano, onde o TikTok está em franca expansão, conquistando sobretudo os mais jovens: já têm mais de 30 milhões de utilizadores nos EUA.
“Estamos a levar isto muito a sério. E certamente estamos a ponderá-lo”, assegurou o secretário de Estado Mike Pompeo, quanto questionado pela Fox News quanto à possível expulsão do TikTok do país. A empresa já anteriormente fora acusada de permitir que os dados que recolhia fossem acedidos por Pequim, ou de permitir que houvesse censura chinesa, por exemplo no que toca aos protestos em Hong Kong.
Aliás, ainda a semana passada, a Índia, furiosa com uma sangrenta escaramuça na fronteira com a China, onde morreram dezenas de tropas de ambos os lados, baniu quase cinquenta aplicações chinesas do país, incluindo o TikTok: só na Índia, esta rede social tinha quase 200 milhões de utilizadores.