Um jovem, de 17 anos, acusado do homicídio do pai, em Pereira Barcelos, confessou, esta quinta-feira, no Tribunal de Braga, o crime. O arguido disse que matou o progenitor para acabar com o “inferno” por ele criado em casa e que apenas queria "proteger" a mãe.
De acordo com a agência Lusa, no início do julgamento, esta quinta-feira, o jovem, que fez um depoimento marcado por crises de choro, disse que o pai estava constantemente embriagado e que insultava a mãe, com quem discutia constantemente por questões de dinheiro, “quase todos os dias”.
O arguido disse ainda que ficava "intimidado" com os "toques" que o progenitor lhe dava "de vez em quando” nas costas, nos ombros e nas virilhas, atribuindo-lhes cariz sexual, de acordo com a agência noticiosa.
O crime ocorreu em julho do ano passado, um dia depois de a vítima regressar da França, onde esteve emigrado desde janeiro do mesmo ano. O arguido matou o pai com uma machada, desferindo-lhe vários golpes na cabeça, face, peito, membros e órgãos genitais. A machada foi espetada na cabeça da vítima.
Sobre o período que o pai esteve fora, o jovem disse que “foram os melhores momentos” da sua vida e da mãe e que as discussões com a progenitora voltaram assim que o homem regressou a Portugal. O pai terá dito que a partir dali "ainda ia ser pior”.
No dia do crime, durante o almoço, o pai voltou a insultar a mãe do arguido. Depois de esta ir trabalhar, o homem foi “dormitar “ para o quarto, onde acabou por ser assassinado pelo filho com um número não concretamente apurado de golpes.
A acusação tem cinco páginas com as lesões sofridas pela vítima.
"Atuou com frieza de ânimo, aproveitando-se do facto de o seu pai estar deitado a descansar e alheio aos seus intentos, não lhe dando hipótese de qualquer defesa", refere a acusação.
O jovem disse em tribunal que nunca antes tinha pensado matar o pai e acrescentou não se lembrar das partes do corpo onde atingiu a vítima. O arguido alegou ainda que quis “proteger” a mãe.
O Tribunal também ouviu a mãe do arguido, que admitiu ter vivido “muito aterrorizada” com o comportado do marido. A mulher alegou que o filho “tinha sempre muito medo do pai".
"Até hoje ainda não acredito que o meu filho tenha feito aquilo. Ele morria de medo de objetos que cortassem. Teve de acontecer alguma coisa de muito grave, mas ele nunca me contou, porque é muito fechado, muito reservado", disse, realçando também que os quatro meses que o marido esteve emigrado "foram quatro meses como nunca tinha tido na vida".
A mulher destacou também que o filho "sempre foi muito apegado" a ela, e que ainda hoje dormem na mesma cama.
O jovem, que na altura do crime tinha 16 anos, está acusado de homicídio qualificado.