OMS avança com inquérito e diretor-geral faz apelo

“Todos devemos olhar-nos ao espelho”, disse Tedros.

Depois da decisão unânime dos Estados Membros na última Assembleia Mundial de Saúde, a concretização. A Organização Mundial de Saúde lançou ontem oficialmente o inquérito independente que vai avaliar a resposta da organização à pandemia de covid-19 e passar a pente fino a time-line dos acontecimentos, alertas e ações. No briefing desta quinta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde explicou que o inquérito vai permitir perceber se a “arquitetura da saúde global é adequada aos seus objetivos”. Tedros Adhanom Ghebreyesus, que nos últimos meses foi alvo de críticas pela forma como a OMS lidou com a China mas também por hesitações em aspetos como o uso de máscaras, deixou no entanto um apelo: “Todos nos devemos olhar ao espelho – a OMS, cada estado membro e todos os envolvidos na resposta. Temos de fazer melhor, não apenas agora mas no futuro”.

Sete meses depois do alerta para uma pneumonia de origem desconhecida associada a um mercado de Wuhan, a covid-19 infectou mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e fez mais de meio milhão de mortes, um terço das quais nos Estados Unidos e no Brasil. Donald Trump formalizou esta semana a saída dos EUA da OMS, deixando vago o lugar de principal financiador da organização. Trump chegou a considerar a OMS uma “marioneta” da China. Em entrevista ao SOL em maio, Tedros Adhanom Ghebreyesus negou quaisquer pressões da China e desejou que o papel dos EUA na saúde global se mantivesse como até aqui, o que não aconteceu.

O inquérito será liderado por Helen Clark, antiga primeira-ministra da Nova Zelândia, e por Ellen Johnson Sirleaf, antiga Presidente da Libéria. As primeiras conclusões são esperadas em novembro.