O primeiro-ministro reuniu com os parceiros da ‘geringonça’ antes de partir para Bruxelas, para o Conselho Europeu, e quis dar um sinal de que é com o BE, o PCP e o PEV que conta para aprovar o próximo Orçamento do Estado. A estratégia não surpreendeu Rui Rio, que viu essa opção como natural, mesmo depois de António Costa ter dito também, que o PSD «não tem peste» (numa entrevista à RTP3). Rio retribuiu na mesma moeda: para o PSD, também o «PS não tem peste». Porém, será muito difícil para os sociais-democratas viabilizarem um orçamento.
Este registo do PSD de Rui Rio segue a estratégia que delineou com o eclodir da pandemia da covid-19: colaborar com o Governo enquanto houver uma crise sanitária e económica. Mas há mais um dado: em janeiro de 2021 há eleições presidenciais, não há espaço para dissolver o Parlamento no prazo de um ano e, por isso, também não poderá haver uma crise política. Até lá, o PSD pretende preparar-se com propostas para poder vir a ser Governo. Aliás, na moção que levou a votos nas últimas eleições internas no partido (em janeiro deste ano) Rio escreveu: «Se conseguirmos concretizar com sucesso as linhas estratégicas (…) poderemos assumir que a partir de 2021 o PSD estará em condições reforçadas para governar Portugal». Dito de outra forma: Rio não quererá ficar com o ónus do desgaste do Governo em tempos de pandemia, mas estará a postos para o caso de os socialistas não aguentam a pressão da crise.
Costa, por seu turno, também disse esta semana que não se deve alimentar o «romance» de um Bloco Central, porque não há caminho a percorrer por esta via.