Em Portugal, a pandemia trilhou caminho de Norte para Sul, e com a chegada de agosto (e de muitos turistas portugueses ao Algarve) as autoridades policiais e de saúde reforçam o olhar atento sobre a região, onde a covid-19 se tem feito notar sobretudo em focos localizados, ‘nascidos’ em festas e restaurantes.
O caso mais mediático, até ao momento, foi o da festa de aniversário que decorreu numa sala alugada ao Clube Desportivo de Odiáxere, em Lagos, no dia 7 de julho. Os organizadores garantiam um evento com 20 convidados, mas, segundo informações posteriores, durante três horas, terão passado pelo local cerca de uma centena de pessoas. O resultado? O maior foco de contágio de covid-19 registado no Algarve, e que terá estado na origem de, pelo menos, 135 casos, segundo os dados divulgados pelas autoridades de saúde. A testagem massiva teve de ser realizada a quase dois mil habitantes da localidade (e das vizinhanças).
Outro caso que chamou a atenção aconteceu no popular restaurante Noélia e_Jerónimo, em Cabanas de Tavira, encerrado desde 21 de junho, quando foi confirmada a infeção de quatro funcionários, entre os quais a chef Noélia Jerónimo. No Facebook do restaurante, os responsáveis deixaram uma mensagem, pedindo desculpa a todos os clientes que tinham reservas para as próximas semanas. «Vamos todos fazer testes, fazer a nossa quarentena e assim que estiver tudo em condições, voltaremos», lê-se, permanecendo a dúvida se o regresso se concretizará ainda este verão.
O caso mais recente de um foco de contágio no Algarve foi noticiado na última terça-feira, dia 28 de julho, em Armação de Pêra, Silves, e também afetou dois espaços de restauração muito populares na localidade: a geladaria ‘No Solo Gelato’ e o restaurante ‘O Sorel’, ambos situados junto à praia. O alerta surgiu quando uma funcionária da geladaria, uma jovem de 18 anos, começou a sentir sintomas da doença, isto já há duas semanas. Feitos os testes, foi confirmado o diagnóstico, e mais tarde a infeção de mais cinco pessoas que viviam consigo na mesma moradia, incluindo um bebé de dois meses. A loja foi imediatamente encerrada para que todos os funcionários pudessem cumprir a quarentena, mas voltou a reabrir apenas dois dias depois, com outra equipa no terreno.
Uma das familiares infetadas trabalhava, todavia, na marisqueira ‘O Sorel’, forçando o seu encerramento (a casa permanece fechada, à data, enquanto os funcionários cumprem a quarentena). Mesmo que o número de turistas no Algarve seja, este ano, muito distante dos de anos anteriores, o mês de julho foi, até ao momento, a melhor notícia para o turismo na região, com a presença de muitos jovens estrangeiros (provenientes, principalmente, da Holanda) – e que voltaram a escolher o Sul de Portugal como destino para as suas viagens de finalistas –, e turistas portugueses.
O movimento nas ruas já se começa a fazer sentir, e espera-se que aumente em agosto.
Com esta tendência foram também assinalados mais ajuntamentos nas zonas mais movimentadas da noite algarvia, como a rua da Oura, em Albufeira, ou a da Praia da Rocha, em Portimão, onde já se registou a presença de grupos com centenas de jovens.
Esta situação tem obrigado a uma presença mais musculada por parte da PSP nestes locais, durante os períodos noturnos. A vigilância aperta e vai manter-se – podendo mesmo ser acentuada caso se justifique – no próximo mês.