O rei D. Juan Carlos está, neste momento, nos Emirados Árabes Unidos. Nem em Cascais, nem na República Dominicana – está, podemos asseverar, nos Emirados, em situação transitória.
A multiplicidade de informações contraditórias mostra dois factos fundamentais: primeiro, demonstra – se ainda persistisse qualquer necessidade de evidência – a qualidade dos serviços de informação da Coroa Real espanhola (que são distintos dos serviços de intelligence do Reino de Espanha), que montou aqui um jogo de informação e contra-informação de elevadíssimo nível para proteger a segurança do Rei Emérito; segundo, que a protecção pessoal e reputacional da figura que simboliza a unidade e a democracia espanholas é assunto deveras sério, existindo perigos e ameaças reais e significativas oriundas da própria Espanha e de interesses geopolíticos que se tentam, também aqui, alinhar.
O paradeiro do Rei Emérito Juan Carlos não é, pois, uma questão de mera fofoquice de “Jet Set” (com toda a seriedade que estas encerram), nem uma nota de rodapé na história política espanhola (e internacional) que estamos escrevendo. Não: é uma questão de segurança e de geopolítica da maior relevância, sendo mais uma peça do puzzle (muito perigoso!) que estão tentando montar à escala global.
Os ataques à Casa Real espanhola sucedem-se e a sua intensidade cresceu em termos equivalentes à ascensão do Podemos de Pablo Iglésias em Espanha.
Os apoiantes de Iglésias – leia-se: os seus financiadores internacionais, onde se destacam o narco-regime corrupto e criminoso de Nicolás Maduro e a “Open Society” – estão apostando tudo na fragmentação do Reino de Espanha, na sua implosão por dentro – e sabem que o primeiro passo para o seu plano ser bem sucedido consiste na debilitação sucessiva, até à queda final, da Monarquia espanhola.
Podemos igualmente asseverar aqui que, de facto, a primeira opção do Rei Emérito para se fixar permanentemente seria Cascais. Contudo, os seus serviços secretos da Coroa entendem que Cascais – e Portugal, no seu conjunto- não é uma opção segura, comportando riscos equivalentes à permanência do Rei Emérito em território espanhol. Porquê?
Porque é cada vez mais indubitável que os ataques à família Real espanhola, na sua globalidade, provêm de estruturas de poder administrativas do Estado espanhol, que foram objeto de captura por Pablo Iglésias e seus muchacos com o beneplácito do PSOE desacreditado de Pedro Sanchéz.
Ora, os serviços de inteligência e de proteção pessoal do Rei Emérito sabem que há uma relação privilegiada – mesmo de irmandade! – entre o Bloco de Esquerda e o Podemos: ambos os partidos da extrema-esquerda passam informações um ao outro sobre os respetivos países, mesmo matérias confidenciais.
Matérias a que têm acesso apenas porque estão momentaneamente no Governo – o Podemos integra formalmente o executivo espanhol; o BE integra o Governo, mas faz de conta que não.
E os serviços do Rei Emérito sabem também que há gente dos gabinetes ministeriais que dão todo o tipo de informações ao BE, incluindo em matéria de segurança nacional, a qual acaba invariavelmente por ser acedida pelas toupeiras de Iglésias nos serviços secretos do Reino de Espanha.
Por outro lado, suspeita-se (e teme-se!) a relação de solidariedade política existente entre António Costa e Pedro Sanchéz – os serviços do Rei Emérito têm a convicção que Sanchéz nunca dirá que não a um pedido de Pablo Iglésias, assim como António Costa nunca dirá que não a um pedido de Pedro Sanchéz.
Desta forma, o Rei Emérito estará à mercê dos “bad hombres” de Pablo Iglésias, quer fique em Espanha, quer fique em Portugal. É assim: nós temos alertado para o completo descrédito internacional a que a solução governativa da “Geringonça” condenou Portugal.
Este é mais um episódio que apenas confirma: já nem os Serviços Secretos de Espanha (não capturados pelas toupeiras de Iglésias/Sanchéz), nem tão pouco os Serviços Secretos da Coroa Real confiam em Portugal…Eis mais uma consequência da “Peninsula Roja”, da “Península Vermelha” em que vivemos…
Por esta razão, há um conflito entre a vontade genuína do Rei Emérito, que é vir para Cascais – e a oposição genuína e legítima dos seus Serviços de Informação e Proteção em permitirem que tal desejo se concretize.
Pelo menos, para já – a residência do Rei Emérito Juan Carlos poderá ser fixada, nos próximos dias, em Roma. O que, numa perspectiva de Intelligence, faz todo o sentido por várias razões – ao que acresce o elemento pessoal de ser a cidade onde o Rei nasceu…
Por hoje, uma nota derradeira para assinalar o quão crédulos são os jornalistas. Então, acreditaram mesmo que o Rei Emérito espanhol já se encontrava em Cascais? Bastava terem refletido um segundo para concluírem que tal se mostraria improvável.
Se o Rei Juan Carlos estivesse em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa já teria feito uma nota oficial no site da Presidência; falado três ou quatro vezes na TV; já teria convidado o Rei Emérito para almoçar ou jantar; já teria convidado o Rei a fazer compras no Jumbo de Cascais em calções; já teria ido nadar com o Rei Juan Carlos, tirando uma bela fotografia…assim por acaso: por coincidência, um jornalista estaria a passar por ali naquele exato momento; já teria feito um depoimento sobre as memórias que tem da passagem do Rei por Cascais, quando era jovem e como jornalista a lançar o “EXPRESSO”; já teria contactado a “CARAS” para lhe dar o exclusivo para uma conversa intimista do Presidente Marcelo com o Rei Emérito Juan Carlos…
É que convém perceber que Marcelo Rebelo de Sousa é monárquico e tem uma paixão incontrolável por monarcas.
E é Presidente Vitalício da Fundação Casa de Bragança – ora, o Presidente da Casa de Bragança, feito Presidente da República, iria perder a oportunidade de encher o espaço mediático com esta sua enorme alegria pessoal? Claro que não!
O silêncio de Marcelo é, pois, a prova mais irrefutável que o Rei Emérito Juan Carlos não está em Cascais…Está nos EAU.