por Francisco Rocha Gonçalves
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras
Cidades inteligentes são aquelas que recorrem à melhor tecnologia disponível para aperfeiçoar a gestão da coisa pública e melhorar os serviços prestados aos cidadãos. Já assim era e sempre assim devia ter sido.
A diferença é que, hoje, as melhores ferramentas para cumprir os objetivos a que nos propomos passam pela utilização de tecnologias de informação e comunicação e a sua utilização é uma chave para abrir a porta à libertação de um potencial enorme, que pode contribuir, realmente, para melhorar a vida dos munícipes e potenciar a competitividade das cidades.
À medida que as urbes se agigantam e se tornam cada vez mais complexas, é fundamental ter a capacidade de compreender a realidade e ter a rapidez necessária para sobre ela agir, respondendo aos problemas que nos são colocados, porque as decisões – ou a ausência delas – influenciam o dia-a-dia de todos nós.
Com o recurso às tecnologias de informação e comunicação, podemos, por exemplo, através da sensorização do espaço público, tornar “espertas” máquinas ou infraestruturas que antes não comunicavam, permitindo melhorar a eficiência da gestão de áreas tão díspares como a iluminação pública, a recolha de resíduos sólidos, os transportes públicos e a gestão do tráfego.
Em Oeiras, a minha urbe, o Município com maior capacidade tecnológica em Portugal, estamos a recuperar algum do tempo perdido.
Muito em breve, teremos pronta a estratégia integrada para a introdução das tecnologias de informação e comunicação no governo alargado da cidade, que tornará mais visível e percetível o trabalho que temos feito e o que ainda queremos fazer.
Queremos integrar todos os chamados “verticais” numa plataforma única de comando e gestão, eliminando uma sobreposição de plataformas e aplicações, que pouco mais fazem do que trazer despesa mas sem a devida comunicação entre as diversas áreas da gestão do espaço público.
Estamos também a melhorar o que já existe. Esta em fase de conclusão o novo portal municipal, que pretendemos seja um verdadeiro salto quântico em matéria de disponibilização de serviços online ao munícipes, melhorando substancialmente a qualidade do serviço prestado e a relação de transparência com o cidadão.
Com o bom uso destas ferramentas podemos trabalhar, também, projetando ideias claras na construção do futuro. Outro exemplo: há três ou quatro anos, não havia um único carregador para automóveis elétricos em espaço público, em Oeiras. No final deste verão, teremos 57 carregadores instalados no espaço público: 42 rápidos ou ultrarrápidos e 15 ditos normais. De zero quilómetros de carregamento diário disponíveis em 2017, passaremos a ter meio milhão de quilómetros disponíveis para carregamento diário em Oeiras, tornando Oeiras no concelho com maior capacidade de carregamento para veículos elétricos, em Portugal.
As tecnologias de informação e comunicação constituem mais um conjunto de ferramentas para melhoria da qualidade da gestão e da qualidade dos serviços aos munícipes. Convém porém evitar deslumbramentos, não são panaceia para todos os males da cidade. Não há smartcity sem planeamento e ordenamento do território – é até absurdo falar-se de sensorização do espaço público quando não há saneamento básico.
A inteligência das cidades começa, sempre, nas escolhas políticas que se fazem, primeiro, os cidadãos e, depois, os decisores.