Vivia-se, em Portugal, um dia que iria ficar para sempre ligado à história do futebol e, em particular à Taça dos Campeões Europeus, mas ninguém o diria. O Sporting-Partizan de Belgrado, marcado para essa tarde, no Estádio Nacional, merecia a mesma atenção do que o amigável entre FC Porto e Athetic Bilbao ou que o rescaldo da digressão do Benfica ao Brasil. Se não mesmo menos…
Claro que estava em causa uma competição absolutamente nova, ainda desconhecida, e ninguém adivinhava ainda a importância e a popularidade que viria a ter. Além disso, a organização, levada a cabo pelo jornal francês L’Équipe, estava tão marcada pela confusão que a primeira mão dessa primeira jornada só se concluiria em novembro.Isso mesmo: durou dois meses. O Sporting-Partizan jogou-se no dia 4, o Sevette-Real Madrid no dia 8, o Rapid de Viena-PSV no dia 21, e Milan-Sarrebrücken no dia 1 de novembro!!!
Era fácil perdermo-nos perante o caos, mas o facto irretocável é que o primeiro jogo da Taça dos Campeões se realizou no Jamor perante o que foi considerada uma boa assistência embora não tanta como a importância da partida poderia prever. O Sporting ainda colocou em campo dois dos violinos, Vasques e Travassos, juntando-os na frente de ataque a Pacheco, Hugo e Martins. Aos 14 minutos, João Baptista Martins, rapaz alentejano de Sines, outro dos que carregava o fardo de substituir Peyroteo, ficou igualmente para a eternidade: recebeu uma bola de Barros, fugiu a Zebec, deu duas passadas largas e concluiu-as com um remate poderoso sem defesa para Stojanovic. Era o primeiro golo da Taça dos Campeões. Infelizmente, Martins, que veio a falecer em 1993, nunca se viu verdadeiramente reconhecido por isso. Malhas que a memória tece…
O jogo, esse, seria entusiasmante. Quem não foi ao Jamor, nessa tarde amena de Setembro, Verão quase no fim, não sabe o que perdeu.
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