O hacker Rui Pinto e Isabel dos Santos protagonizaram, ontem, uma troca de mensagens na rede social Twitter, abrindo uma discussão sobre o verdadeiro dono da Herdade da Torre Bela, antiga propriedade do Duque de Lafões, situada na Azambuja.
O pirata informático, responsável pelo caso Luanda Leaks (e também o criador da plataforma Football Leaks), voltou a questionar a família dos Santos, ao perguntar se seria esta a proprietária da herdade e de outros terrenos naquela região do país. “Será a família dos Santos a real proprietária de uma das maiores propriedades muradas da Europa? Juntamente com cerca de uma dezena de outras propriedades na zona do Oeste?”, escreveu Rui Pinto, que fez acompanhar a publicação com dois excertos de textos em que é sugerido que a Herdade da Torre Bela é, de facto, detida, atualmente, por familiares do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, e pai da empresária Isabel dos santos.
A resposta não tardou. Horas depois, foi a própria Isabel dos Santos a usar a sua conta no Twitter para responder a Rui Pinto. “Engraçado Rui Pinto estar a fazer estas perguntas. Pensei que fosse um hacker com 715 mil documentos. Pelos vistos é um mero curioso que vive de fofoca. E é verdade que lhe vão pagar salário como funcionário público e dar casa?”, questionou a empresária angolana, a braços com a Justiça em Angola e em Portugal.
Isabel dos Santos referia-se ao alegado acordo entre a Polícia Judiciária e Rui Pinto, entretanto desmentido pela PJ. O acordo noticiado indicava que o pirata informático havia aceitado colaborar com a Justiça e iria ajudar a Polícia Judiciária a aceder a milhares de ficheiros informáticos. Em troca, Rui Pinto teria sido libertado, ficando com direito a casa e salário.
A informação, porém, já foi desmentida pela PJ, que esclareceu, em comunicado, que “não corresponde à verdade que Rui Pinto tenha sido contratado pela Polícia Judiciária, pelo que a PJ não paga, a Rui Pinto, qualquer vencimento”,
Programa de testemunhas. Rui Pinto foi, de facto, libertado no dia 7 de agosto, e integrado no programa de proteção de testemunhas, informou a PJ. A decisão da juíza-presidente do coletivo de juízes do julgamento, Margarida Alves, refere mesmo que a colaboração de Rui Pinto com as autoridades foi atestada por Albano Pinto, diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e por Luís Neves, responsável pela PJ.
Detido em 2019, o hacker assumiu-se como o denunciante do caso Luanda Leaks, a envolver Isabel dos Santos, e também como o criador da plataforma Football Leaks, que expôs vários casos de corrupção envolvendo figuras do mundo do futebol. O seu papel estará agora a ser decisivo nas investigações.
Rui Pinto está acusado da prática de 90 crimes, tendo como medida de coação o termo de identidade e residência, com apresentações semanais às autoridades.