A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, foi esta terça-feira de manhã a Alcanena para explicar a sua missão: "Desde o início que os lares têm sido uma prioridade total do Governo", assegurou a governante, adiantando que já leu o relatório da Ordem dos Médicos sobre o caso do surto de covid-19 num lar em Reguengos de Monsaraz. O surto provocou 18 mortes.
À margem de uma visita a uma IPSS, a governante remeteu o caso de Reguengos para o Ministério Público, lembrando que a 14 de julho, a Segurança Social fez o relatório sobre este lar e no dia 16 o documento foi enviado para o Ministério Público. E já teve oportunidade de ler um outro relatório, o da Ordem dos Médicos. De recordar que o Presidente da República aconselhou a que se lessem todos os relatórios durante o fim de semana. A governante acrescentou que os relatórios "têm elementos contraditórios".
Por diversas vezes, a ministra referiu que desde o início da pandemia de covid-19 que "os lares têm sido uma prioridade de todos nós, do Governo e de todos nós", insistindo que a sua missão e prioridade é a de " proteger quem precisa", em declarações transmitidas em direto pelas várias televisões.
A governante não respondeu se tem condições para continuar no cargo, lembrando antes o seu papel e a sua missão com equipas no terreno.
A pergunta impunha-se depois da polémica entrevista ao Expresso, onde admitiu não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos, o que lhe valeu a crítica de "insensibilidade" por parte do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Mais, PSD quer ouvir as ministras da Saúde e do Trabalho no Parlamento, o CDS e o Chega pediram a demissão da ministra, depois de a governate ter dito também, na referida entrevista, o seguinte: "Tivemos 365 surtos [em Abril] e temos 69 agora. Claramente, temos menos incidência. Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afectadas pela doença. A dimensão dos surtos não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, isto não significa que não devamos estar preocupados”.
Entretanto, Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, considerou "infelizes" as declarações da ministra, citada pela RTP3.