Os números divulgados pela Direção-geral da Saúde (DGS) esta semana dão conta da existência de 69 lares onde existem casos de infeção. No total, 563 idosos e 225 funcionários estão infetados. Mas são divulgadas informações sobre quais os lares, onde estão situados e quantos casos tem cada um deles. Os casos concretos chegam a público quando o número de casos positivos identificados já é elevado, ou surge algum problema – exemplo disso é o lar em Reguengos de Monsaraz, o lar no Barreiro, ou o lar em Odivelas. Relativamente aos casos conhecidos, os surtos identificados em lares surgem, na maioria, em estruturas do setor social.
Ao SOL, Ricardo Pocinho, presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES), defendeu que não existe "nenhuma razão para que não se conheça a lista dos lares onde há casos positivos, para a comunidade se poder proteger e para serem tomadas as devidas medidas de contingência e isolamento".
O presidente da ANGES, em permanente contacto com os diretores técnicos dos lares de vários pontos do país, defende que esta não é a altura para "tapar o sol com a peneira, até para as pessoas perceberem que a pandemia não está ultrapassada". Há situações, explicou Ricardo Pocinho, em que "a gravidade é maior, porque as estruturas residenciais para idosos informam tardiamente as autoridades de saúde e há até uma ideia generalizada sobre os funcionários, que é a de impedir que divulguem informação quando há algum tipo de suspeita, ou um teste positivo".
A acrescentar a este cenário, João Ferreira de Almeida, presidente da Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso, adiantou ao SOL que "há vários casos em que a resposta tem sido demorada, não por parte dos lares, que têm obrigação de comunicar à autoridade de saúde, mas existem delegados de saúde com uns critérios e outros com outros critérios, bem como por parte das câmara municipais, que são um elemento importante para encontrar soluções".
Em caso de identificação de um caso positivo, ou mesmo de um surto, "tem de ser atacado em força e de imediato" e, por isso, em relação à divulgação detalhada dos casos nos lares, "seria imprescindível haver informação sobre isso e faz sempre sentido que os portugueses em geral tenham noção do que se passa no país", adiantou João Ferreira de Almeida.
O SOL pediu informações às administrações regionais de saúde, obtendo resposta da Autoridade Rogional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. No entanto, a informação continha apenas os números, sem identificação específica dos lares. A região de Lisboa e Vale do Tejo registava esta terça-feira 361 casos de covid-19 reportados em Estabelecimentos Residenciais Para Idosos – 240 em utentes e 121 em profissionais. Comparando com os números totais divulgados pela ministra da Saúde, Marta Temido, mais de metade dos funcionários infetados e 43% dos utentes com covid-19 estão na região de Lisboa e Vale do Tejo.
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