A Media Capital será alvo de um aumento de capital de 20 milhões de euros no caso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) por parte da Cofina caso a operação tenha sucesso. A dona da TVI terá de se pronunciar sobre esta oferta, assim que esta for registada, o que até à data, ainda não aconteceu, apurou o SOL.
Em causa está a OPA revista do grupo liderado por Paulo Fernandes que oferece uma contrapartida de referência de 41,5 cêntimos por cada ação da dona da TVI. Um investimento que pode atingir os 35 milhões de euros.
Para ser bem-sucedida, um auditor terá de fixar uma contrapartida não superior à oferta da Cofina e há também uma cláusula de sucesso de "mais de 50%" do capital.
A oferta é feita em duas parcelas: uma sobre 5,3% do capital, que não está nas mãos da Prisa nem do empresário português Mário Ferreira, que recentemente entrou no capital da dona da TVI; outra sobre 94,7% do capital, que inclui as participações da Prisa e de Mário Ferreira.
Recorde-se que, no final de 2019, a Cofina anunciou que iria comprar a Media Capital em duas fases: primeiro para adquirir os 95% de capital da Prisa e da produtora Plural e para a assunção de dívida de 85 milhões; e depois, através de uma OPA aos restantes 5% de capital, nas mãos de outros acionistas.
Recorde-se que o grupo detentor do Correio da Manhã garantiu, no passado, fazer a operação inicial através de um aumento de capital de 85 milhões de euros, que saiu fracassado quando faltavam apenas três milhões de euros para o objetivo.
Na altura, a empresa liderada por Paulo Fernandes justificou o fracasso com a operação por não ter conseguido completar o aumento de capital destinado a financiar a operação e devido à "deterioração das condições de mercado" provocada pelo coronavírus, não sendo possível o "lançamento de uma oferta particular para colocação das ações sobrantes".
Entretanto, Mário Ferreira avançou para a compra de 30% da Media Capital por 10,5 milhões de euros e foi alvo de mexidas .Uma delas diz respeito à nomeação de novos administradores. Com a saída de Agnès Borel e Pilar del Rio foram nomeados Martinez-Estéllez e Manuel Alves Monteiro.
Este último, além de colega de Diogo Lacerda Machado – amigo do primeiro-ministro, António Costa –, está numa das empresas de Mário Ferreira e foi um dos principais conselheiros do ex-vice-Presidente de Angola Manuel Vicente no Dubai.
Indemnização milionária
Com a entrada de Mário Ferreira na Media Capital assistiu-se também à mudança de Cristina Ferreira para o canal de Queluz, uma decisão que caiu mal na Impresa e que , esta semana, pediu uma indemnização de 20 milhões de euros à apresentadora devido ao incumprimento do contrato que deveria vigorar até dezembro de 2022.
Um valor que levou Cristina Ferreira a reagir. "Sobre este assunto, gostaria apenas de esclarecer que o referido valor não tem base nem base contratual, por isso refuto absolutamente a pretensão dessa entidade, estando disposto a zelar e defender os meus interesses até a última instância". E deixa um recado: "Não posso deixar de registar a minha surpresa com a posição agora assumida por uma emissora que tem a sua comunicação baseada numa estratégia de atuação em equipa e liderança de públicos, nunca a partir de uma única pessoa". A SIC, entretanto, contra-atacou, e contratou o chef Ljubomir Stanisic que estava na TVI, levando o canal de Queluz a interpor uma ação contra o cozinheiro, exigindo também uma indemnização.