por Ester Amorim
Professora Universitária de Gestão e Economia
É nas crises que se verifica se um país está preparado para as enfrentar. É nos tempos de dificuldades que mais se acentua as debilidades. Esta crise pandémica que começou na China e não teve a devida atenção de outros países, muito rapidamente foi propagada à escala global. Nenhuma rede social, Internet, Facebook entre outras teve tanto impacto na história mundial como este simples vírus. Em três meses tudo mudou e nunca mais voltaremos a ser os mesmos. Aprendemos acima de tudo a importância de pensar na vida. Tudo isto é desconhecido e improvável, o medo e receio de podermos ser contaminados apoderou-se de nós. Hoje já nem nos preocupamos com uma promoção ou aumento de ordenado, o nosso maior desejo é não sermos contaminados.
Sendo uma pandemia universal cada país teve que demonstrar as suas competências e também as suas fragilidades. Portugal esteve muito bem, o Serviço Nacional de Saúde demonstrou competência rapidez na ação na informação e na comunicação que foi fundamental para o sucesso. Os portugueses uniram-se e aceitaram com respeitabilidade as recomendações das entidades de saúde e aqui está a chave do sucesso. Outros países com outra dimensão e mais recursos, desvalorizaram a proporção desta pandemia, em vez de darem uma informação verdadeira optaram por dar contrainformação.
Esta é a crise de saúde e identificada, mas não controlada não há tempo para distrações ou facilitismos, tudo deve ter um propósito comum para enfrentar as dificuldades que vivemos.
A partir de agora, passamos a ter mais duas crises, a económico/financeira e a política e a repercussão que venham a ter será sempre da responsabilidade de quem tem o poder de decidir ou seja, os políticos. Apesar da crise ser global cada país terá nos seus governantes e nos seus líderes políticos a chave do sucesso ou insucesso. Portugal está na Europa e neste momento tão difícil a Comissão Europeia foi solidária nas nossas necessidades.
O primeiro-ministro, com a ajuda e compreensão do líder da oposição Rui Rio, foi muito eficaz e inteligente tanto no campo interno como no externo. No Governo foi o líder de todas as pastas e na Europa demonstrou firmeza e personalidade. No entanto, nesta crise de saúde, económica e política, os partidos políticos e os seus líderes não podem estar constantemente a olhar para os seus interesses e deixar o país afundar-se e sem solução. Na Europa a maioria dos países fizeram coligações, Portugal é o único país que tem um Governo minoritário. Em janeiro vai presidir ao Conselho da União Europeia e até seria motivo de chacota e descrédito o Governo estar a negociar leis ou acordos com partidos da extrema esquerda e anti-Europa.
Portugal tem tudo para ultrapassar esta crise com sucesso e só depende de duas pessoas António Costa e Rui Rio. Eles representam mais de 75% dos portugueses e os dois são membros dos maiores grupos parlamentares no Parlamento Europeu. António Costa e Rui Rio, são amigos e comungam dos mesmos interesses democráticos. Claro que todos sabemos que tanto no PS como no PSD e no CDS existem militantes nos seus órgãos que são de extrema direita, reacionários e xenófobos que se reveem no insignificante Chega que representa 1% dos votos dos portugueses, mas de certeza absoluta que nem António Costa nem Rui Rio, alinham nestes extremos de oportunismo.
Mário Soares e Sá Carneiro tiveram a coragem, ainda no período do Conselho da Revolução, de dizer que o PS e o PSD são os partidos mais próximos porque os dois comungam dos mesmos valores na Europa. Esta crise é global, mas é a mais profunda, a mais inesperada e a mais difícil de combater não tem rosto, mas tem efeitos devastadores e será a União Europeia que nos vai ajudar a superá-la. António Costa e Rui Rio tal como Mário Soares e Sá Carneiro são europeístas convictos e pessoas muito bem formadas e sérias, para eles o mais importante nas suas vidas é servir Portugal. Por isso tenham coragem e entendam-se. O sucesso está nas vossas mãos. O Senhor Presidente da República e a maioria dos portugueses apoiam e querem um entendimento, não nos desiludam. Todos estamos atentos.