Depois de a Direção-geral da Saúde (DGS) ter divulgado as novas regras para as diferentes modalidades desportivas, a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) mostrou-se surpreendida e “preocupada” face às “dificuldades de aplicação das normas nele inseridas, as quais não estão em sintonia com o que tinha sido recentemente prometido e cuja aplicabilidade será, em na maioria dos casos, senão impossível pelo menos muito difícil”, explicou esta entidade em comunicado.
Assim, a CDP solicitou esta quarta-feira uma audiência de caráter urgente com a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto. O objetivo é analisar todos os pontos do documento feito e divulgado pela DGS esta terça-feira. A confederação deixou ainda a crítica à tutela, dizendo que se disponibilizou “por diversas ocasiões a fazer parte de um grupo de trabalho que incluísse técnicos da DGS e da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto para encontrar as melhores soluções para o regresso do desporto de competição”.
“Esta orientação constitui um verdadeiro espartilho ao trabalho das federações desportivas”, disse a confederação, acrescentando que, com a divulgação das normas por parte da DGS, foi possível “confirmar mais uma vez que o ‘peso’ do desporto (quer de competição quer de formação), o único que traz dividendos ao panorama desportivo nacional, continua a ser desconsiderado”.
Segundo as orientações da DGS, o futebol é considerado um desporto de risco médio, enquanto que modalidades como artes marciais chinesas, judo, patinagem, ginástica acrobática, polo aquático, dança desportiva, karaté, lutas amadoras e râguebi foram classificadas como alto risco.
Também na quarta-feira, a Federação Nacional de Karaté Portugal, adiantou que vai fazer um pedido de retificação à DGS para que as disciplinas que não envolvem contacto físico, existentes na respetiva federação, não sejam contempladas no lote de modalidade de alto risco. “Lamentavelmente emanámos documentos que foram entregues às autoridades competentes, que tipificam a modalidade e esclarecem a sua organização, as suas competições e o trabalho das seleções nacionais, mas que não surtiram o efeito desejado”, escreveu Carlos Silva, presidente da Federação Nacional de Karaté Portugal no Facebook, sublinhando que, em causa, não estão as regras de saúde pública propostas pela DGS, mas sim o erro na designação das modalidades, uma vez que existem variantes dentro desta federação, como o kata e o kihon, que são individuais, não existindo por isso contacto físico entre os atletas.