por Jorge Proença
Diretor da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Lisboa
Estamos em vésperas de iniciar um novo ano escolar, ainda com muitas incertezas, mas decerto melhor preparados para encontrar as respostas mais adequadas a cada situação. Acabamos de ter conhecimento de dois documentos orientadores do Ministério da Educação – Orientações para a Recuperação e Consolidação das Aprendizagens ao Longo de 2020/21 e Propostas para a Realização em Regime Presencial das Aulas Práticas de Educação Física e Desporto Escolar.
Esperando não mais assistir a cenas desprestigiantes – hilariantes ou deprimentes – recentemente propiciadas pelo ensino da Educação Física na TV, gostaria de ver menos orientações e mais responsabilização e respeito pela formação, capacidade e autonomia dos professores, em geral, e dos de Educação Física, em particular; e, caso seja necessário e sentido pelos próprios ou por uma (quase) inexistente supervisão e avaliação, a urgente implementação da tão esquecida formação contínua.
As circunstâncias atuais desafiam-nos a recolocar na agenda, entre outras de que os próprios se encarregarão, algumas novas-velhas questões:
1.Responsabilidade, contributo e soluções do sistema de ensino para a progressiva iliteracia física dos jovens portugueses.
2.Utilização ótima, periodicidade e racional gestão das cargas horárias legalmente atribuídas à Educação Física e Desporto Escolar.
3.Tempo efetivo e natureza da prática de cada aluno em cada aula.
4.Precisar conceções e evitar confusões – tão frequentes, até na literatura especializada – entre Educação Física e Atividade Física.
5.Aprendizagem, interdisciplinaridade, estrutura disciplinar e gestão do currículo.
Trata-se de aproveitar a oportunidade para, fundamentadamente, analisar e procurar encontrar melhores propostas para um dos mais graves problemas da atualidade.
Em tempo de pandemia, tendo a Saúde como prioridade absoluta, tornou-se mais evidente que não há verdadeira Educação sem Educação Física, como eloquentemente demonstra a recente investigação em neurociências e como, há muitos anos, Wallon, Bernstein Leontiev e tantos outros nos ensinaram.