O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, alertou este fim de semana para a falta de segurança das equipas de cirurgia que podem colocar em causa a proteção de médicos e utentes, devido ao facto de as escalas de cirurgia estarem abaixo das recomendações técnicas da Ordem dos Médicos no que toca aos elementos que as constituem.
“O SIM recorda que os cirurgiões não devem fazer ao mesmo tempo urgência interna, urgência externa e em alguns dias até ortopedia. Esta situação põe em perigo os utentes e os médicos, aumentando o risco do erro médico. Os cirurgiões, muitos dos quais com mais de 50 anos, já fizeram centenas de horas a mais do que obriga o seu horário de trabalho e por isso não se lhes pode pedir ainda mais trabalho”, pode ler-se em comunicado divulgado no site oficial do sindicato, que garante que, em Évora, a cirurgia do serviço de urgência pode vir a encerrar.
Além disso, é deixado ainda o alerta para a situação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja. “Os médicos exaustos já ultrapassaram há muito as 150 horas de trabalho extraordinário, o que é agravado pela pandemia e pela idade dos médicos. Dos seis chefes de equipa, quatro têm mais de 50 anos e dois mais de 55 anos. Os médicos com essa idade já não são obrigados a fazer serviço de urgência e só a sua dedicação é que os motiva. Apesar dos alertas dos médicos, o Conselho de Administração tem-se mantido insensível e incapaz de resolver o problema. O SIM aconselhou os seus associados a apresentarem minutas de escusa de responsabilidade”, lê-se ainda nunca nota divulgada pelo sindicato, exigindo-se a contratação de profissionais de saúde.
O sindicato classificou ainda de “propaganda” o anúncio recente da contratação de 950 médicos do SNS, argumentando que se tratam de médicos internados que já trabalham no SNS e que este ano irão reformar-se 700 especialistas nos hospitais.