Regresso às aulas. Coinfecção com SARS-CoV-2 e outros vírus respiratórios é uma das preocupações

Hospital Dona Estefânia tratou 114 crianças com covid-19, 23% assintomáticas. Quase metade tinham outras infeções ao mesmo tempo

Ao longo dos últimos meses o Hospital Dona Estefânia em Lisboa, unidade de referência de pediatria, tratou 114 crianças com covid-19, 23% assintomáticas. Maria João Brito,  infecciologista do hospital, apresentou os dados sobre os casos seguidos na Estefânia na reunião na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. A especialista sublinhou que a incidência da infeção nas crianças é baixa – representam 2% dos casos – mas pode apresentar complicações graves, nomeadamente miocardites. “É uma doença pouco frequente em pediatria mas potencialmente grave”, explicou.

A médica revelou que ao todo cinco crianças precisaram de cuidados intensivos. A infeção pode afetar todas as faixas etárias e o doente mais novo no Hospital Dona Estefânia foi um bebé de 11 dias.

Em véspera de abertura do ano escolar e mudança de estação, a médica chamou a atenção para as coinfeções, que apesar de a primeira fase da epidemia ter decorrido no final da época gripal já se verificaram nestes primeiros doentes. Ao todo, 45% das crianças seguidas no hospital com resultado positivo para o sar-cov-2 tinham outras infeções, nomeadamente com o vírus da influenza b. “À medida que escolas abrirem, as infeção de outros vírus respiratórios e de sar-cov-2 poderá aumentar nas crianças, afirmou a médico, reforçando a importância dos comportamentos adquiridos nos últimos meses, como ficar em casa quando se está doente e manter a higiene das mãos e etiqueta respiratória.