Novo Banco já tem parecer independente sobre vendas de imóveis

António Ramalho lembra que não tinha 20 anos para levar cabo a alienação desses imóveis e que neste momento já não precisa de fazer vendas em pacote.

O CEO do Novo Banco revelou que já tem na sua posse o parecer independente encomendado a uma consultora internacional para avaliar as práticas da instituição financeira em relação às vendas de ativos imobiliários. “Espero que isto esclareça de uma vez por todas”, referiu António Ramalho, no Parlamento onde está a ser ouvido pelos deputados.

E foi mais longe: "O banco tinha uma carteira que herdou [do BES] que era má, era velha e era ilegal". E explicou: Era má porque só 14% dos ativos eram residenciais", era "velha porque 35% [dos imóveis] tinham mais de cinco anos" e "100 imóveis tinham mais de 20 anos". E era "ilegal porque os bancos são obrigados a vender ativos no prazo de dois anos".

António Ramalho lembra que não tinha 20 anos para levar cabo a alienação desses imóveis e que neste momento já não precisa de fazer vendas em pacote.

Esta é a resposta do CEO depois de ser conhecida a auditoria da Deloitte. O documento chamou a atenção para o facto de as vendas efetuadas pelo Novo Banco terem sido realizadas por valores inferiores e, em alguns casos, de forma significativa, face aos valores das últimas avaliações disponíveis. O relatório da consultora afirma que, a este respeito, verificou que a instituição financeira "não tinha implementado até 31 de dezembro de 2018 procedimentos documentados de backtesting das avaliações efetuadas para este tipo de ativos, tendo em consideração as vendas efetuadas", acrescentando que a instituição financeira não tinha "implementado procedimentos de análise e justificação formal das variações ocorridas nas avaliações obtidas, comparativamente às avaliações anteriormente disponíveis. Adicionalmente, verificámos que nas propostas de aprovação das vendas são normalmente descritas as características e condicionalismos dos imóveis, mas não é incluída uma justificação ou explicação para a diferença entre o valor de venda e o valor de avaliação anterior. De referir que esta justificação não era requerida de acordo com o normativo interno aplicável".

A consultora detalhou dois processos de venda, cuja identificação dos ativos foi ocultada por serem considerados confidenciais. Num deles, o "imóvel era detido por um fundo de investimento imobiliário integrado no perímetro de consolidação do Novo Banco. Não nos foi disponibilizada evidência da aprovação do Conselho Geral de Participantes para alienação deste ativo, conforme requerido pelo Regulamento de Gestão do fundo em vigor à data da venda". No outro, "a aprovação da venda do imóvel foi efetuada pelo Departamento de Gestão Imobiliária e pelo administrador do pelouro na sequência da obtenção de uma proposta e subsequente processo negocial com o comprador".

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