António Costa Silva admite ser fundamental uma “renovação da administração pública” para que seja possível concretizar os projetos previstos pelo Governo e incluídos no plano de recuperação económica da sua autoria. Na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, o autor do plano de recuperação económica (que teve a sua versão final apresentada oficialmente na terça-feira) – e que será entregue em Bruxelas a 14 de outubro – respondia a uma intervenção da deputada do PSD Filipa Roseta que alertava para a incapacidade de execução dos planos demonstrada no passado e no presente em Portugal.
Costa Silva afirmou que “há uma grande vontade ao nível político de fazer coisas, mas depois, quando se desce no sistema, há uma grande incapacidade de converter os planos em relaidade”. “Há uma desconexão muito grande entre a vontade política e a capacidade de execução”, admitiu.
António costa Silva defende, por isso, um programa de pré-reformas para quem está perto da idade da reforma e uma estratégia de atrair os mais jovens, contornando a lógica de baixos salários e apostando na digitalização da administração pública. O gestor considera ser fundamental “mudarmos a nossa forma de funcionar” e que só dessa forma será possível aproveitar o envelope financeiro no valor de 57,9 mil milhões de euros provenientes da União Europeia até 2029.
"Perante os desafios que temos pela frente, senti que devia incluir as condicionantes e as limitações [na administraçlão pública] para sensibilizar as pessoas que é preciso mudar, e mudar muito, para que seja possível executar os planos previstos", acrescentou.
Em resposta, Filipa Roseta alertou que os trabalhadores da administração pública possuem qualificações, culpando, porém, o que considera ser a excessiva "cultura burocrática e uma justiça que não funciona". "O problema não é a administração pública, as pessoas são qualificadas, mas uma cultura burocrática e uma justiça que não funciona e que retira eficácia e potencia a corrupção", disse a parlamentar social-democrata.
Costa Silva concordou. Admitindo mesmo que é algo faz parte da cultura de trabalho em Portugal, tanto no setor público, como privado. O gesto reforçou, porém, que, neste momento, é necessário fazer-se uma aposta "na qualificação [dos trabalhadores] na parte das tecnologias digitais".
Grande aeroporto em Lisboa é "prioridae clara". António Costa Silva não incluiu no seu documento uma posição final sobre a solução para o aeroporto de Lisboa, mas, na audição, sempre foi adiantando que defende "um grande aeroporto na região de Lisboa", depois de analisadas as várias soluções e ouvidas diversas entidades e personalidades. "Essa prioridade é clara", afirmou, depois de questionado sobre o assunto pelo deputado do PAN André Silva. O gestor decidiu, porém, não recomendar uma solução para esta obra pública, pois considera "que esta é uma decisão política".
Por outro lado, Costa Silva defende "a otimização do aeroporto de Beja", que incluíria uma ligação ferroviária moderna e veloz com Lisboa. "Não podemos correr o risco de ter ativos que não são aproveitados", referiu, sobre este equipamento situado no Baixo Alentejo.