Tim Vieira. CEO – Special Edition Holding
No ano passado, tive a sorte de fazer uma viagem pelo mundo com a minha família. Percorremos mais de 100.000 km, utilizámos todo o tipo de meios de transporte e experimentámos diferentes géneros de acomodações. Memórias das diferentes culturas, paisagens e experiências que ficarão para sempre. Um sonho tornado realidade!!
Mas neste ano o mundo é um lugar diferente e viajar tornou-se quase impossível! Não conseguimos reservar voos ou obter vistos para quase nenhum destino. Os planos que tínhamos para viagens ficaram suspensos e o novo normal é ficar ‘cá dentro’.
Felizmente tive o privilégio de ter passado os últimos seis meses com a minha família, na nossa herdade, que fica num dos lugares mais bonitos do planeta. Todos os dias dei graças por poder esperar com os meus, o tempo passar e por ter podido usufruir do espaço, ‘despreocupado’ dos afazeres, apreciando a boa comida e a beleza da região, enquanto muitos tentavam resistir a este período difícil, confinados em pequenos apartamentos, de cidades superlotadas e a aprenderem a conviver com a rigidez de uma série de regras impostas. A Zambujeira do Mar foi o nosso refúgio nos dias de isolamento, junto à Costa Vicentina, que se estende de Sines no Alentejo até ao Cabo de São Vicente no Algarve. Um local calmo, quase ‘isolado’ e que na verdade, se não fossem os canais de notícias na televisão, que ia espreitando, dificilmente me teria apercebido que o mundo estava a lutar contra uma pandemia. Assim que demos conta que apesar de tudo o mundo não iria acabar, mas simplesmente mudar, deixámo-nos estar , confortáveis, a prepararmo-nos para enfrentar esta nova realidade e vingar no futuro, com a certeza de que neste novo mundo o que realmente importa são as coisas básicas da vida: ter tempo de qualidade para nós e para a família, estar com amigos e cuidar da saúde. A Costa Vicentina é um local que oferece exatamente isso, a quem a experimenta, por um período.
Oferece também alguns dos mais belos passeios pela natureza e ciclovias de Portugal ao longo do percurso dos pescadores. A sua beleza natural, que levou milhões de anos a ser criada, é-nos dada com todo o esplendor! As rochas, as ondas, a vegetação, os cheiros e as criaturas unem-se para nos mostrar que este é um lugar especial na terra. Cada dia que passa fico mais apaixonado por este pedaço de terra que é lindo e fico cada vez mais grato por ter passado o meu período de Quarentena isolado neste paraíso. A população local acolheu-nos com toda a hospitalidade e amor tão característica do povo português. Nunca nos viram como estranhos, e trataram-nos sempre de uma forma natural, humana e ordenada, como que nativos, quer no supermercado ou em outros serviços básicos. Os sorrisos eram abundantes e sinceros até que as máscaras os cobriram, depois estes sorrisos permaneceram presentes nos olhares e nas vozes, sempre que nos cruzávamos.
Esta região também tem alguns dos ingredientes alimentares mais frescos e com mais qualidade. Em terra, as carnes do gado criado localmente os vegetais e as frutas. No mar, os frutos mais saborosos deste oceano. Este é realmente um local onde o homem pode viver apenas de pão e vinho. Pão fresco com queijo ou manteiga passou a fazer parte do nosso dia a dia, assim como fazer longas caminhadas pela natureza passou a ser o nosso passatempo favorito. Para além disto tem também a capacidade de nos mostrar que as melhores coisas da vida são simples e alcançáveis, só precisamos de fazer uma pausa, desacelerar e abraçar a vida, um dia de cada vez.
À medida que as medidas de restrição foram aligeiradas, o número de visitantes que ansiavam por espaço, praias, boa comida e experiências autênticas, foi crescendo. Os locais puderam voltar a dar as boas-vindas, agradecidos, por terem sido visitados e fizeram o possível para que todos os que ficaram nos ‘alojamentos locais’, parques de campismo ou que por ali passaram em autocaravanas, se sentissem acolhidos e levassem com eles memórias inesquecíveis. Enquanto me preparo para voltar ao meu novo normal em Cascais, não posso deixar de pensar que estes últimos 6 meses foram tão especiais como a minha anterior viagem ao mundo. Aprendi a desacelerar, pensar e compartilhar experiências com quem amo. Tudo isto graças à beleza da Costa Vicentina e à fantástica hospitalidade que recebemos de quem aí vive. Decidi que nunca mais esquecerei que o estilo de vida simples é o modo de vida mais abençoado. Ser autossustentável, cultivar as nossas próprias frutas e vegetais, deu-nos um senso de independência e orgulho.
Carregou de energia a nossa mente e deixou-nos mais conectados com a humanidade. Poder tomar banhos de sol, nadar na praia, passear com o amigo de 4 patas, assistir ao pôr do sol, partilhar a refeição à volta da lareira e assistir a um filme com quem se ama, faz parte do segredo da felicidade. No livro da minha vida, a Costa Vicentina é a felicidade na terra.