Ouvido esta quinta-feira em tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa, José Amador, inspetor da Polícia Judiciária (PJ) e uma das testemunhas no processo Football Leaks, admitiu um facto que deixou Aníbal Pinto, ex-advogado de Rui Pinto – acusado pelo Ministério Público de 90 crimes -, completamente chocado. No Tribunal Central Criminal de Lisboa, confessou que a PJ terá partihado um ofício com o advogado da Doyen, Pedro Henriques, de forma a “agilizar” o processo de identificação do endereço eletrónico que originou o ataque informático à empresa. O objetivo era descobrir a quem pertenceria o IP – identidade digital – do email usado para a alegada extorsão à Doyen, e que estava alojado na Yandex, empresa sediada na Rússia.
À saída da sessão desta quinta-feira, Aníbal Pinto acusou a PJ “de trabalhar para a Doyen” e mostrou-se “chocado” com toda esta situação. “Para mim é inacreditável a PJ estar ao serviço da Doyen, estar ao serviço de terceiros porque não tem capacidade internacional”, atirou.
Pasta no computador Além de José Amador, também Rui Costa Pereira, um dos assistentes do processo, falou esta quinta-feira em tribunal, confessando que o interesse do pirata informático pela sociedade de advogados PLMJ sempre foi por causa do Benfica – e o processo e-toupeira – e não por causa de Isabel dos Santos. Isto porque tinha no seu computador uma pasta que continha ficheiros sobre a empresária que sempre ficaram intactos durante os ataques.
Já a ex-advogada da PLMJ, Inês Almeida, também ouvida esta quinta-feira, relatou que os emails que foram divulgados não passaram de uma “tortura”. “Esta angústia continua. Eu não sei quem é que teve acesso a cópias daquilo que foi retirado. Podem fazer o que quiserem, para sempre”, atirou Inês Almeida, aludindo à publicação dos emails no blogue Mercado de Benfica. Estava num jantar com amigas quando soube da divulgação. “Ficou logo o jantar estragado”, disse.
“Chorrilho de insultos” O advogado Rui Costa Pereira garantiu ainda em tribunal que foi alvo de muitos insultos nas redes sociais por causa de um tweet de Rui Pinto publicado na terça-feira. O tweet denunciava que, no passado, Costa Pereira se referiu ao pirata informático como “animal”, “criminoso” e “sociopata”. “É muito lamentável um ilustre advogado utilizar este tipo de linguagem…”, escreveu Rui Pinto na sua conta.