Na quarta sessão de julgamento do pirata informático Rui Pinto – acusado de um total de 90 crimes –, que decorreu na quinta-feira no Campus de Justiça, em Lisboa, o advogado Aníbal Pinto acusou a Polícia Judiciária (PJ) de trabalhar para a Doyen e mostrou-se «chocado» com o que foi dito em tribunal. José Amador, inspetor da PJ e uma das testemunhas no processo Football Leaks, confessou que a PJ terá partilhado um ofício com o advogado da Doyen, Pedro Henriques, de forma a «agilizar» o processo de identificação do endereço eletrónico que originou o ataque informático à empresa – e assim chegar a Rui Pinto. O objetivo era descobrir a quem pertenceria o IP – identidade digital – do email usado para a alegada extorsão à Doyen, e que estava alojado na Yandex, empresa sediada na Rússia.
Mais cedo, durante a segunda sessão do julgamento do hacker, na terça-feira, recorde-se, o Ministério Público (MP) solicitara que fossem divulgados e exibidos os conteúdos originais dos dispositivos informáticos apreendidos a Rui Pinto, criador do Football Leaks. E a presidente do coletivo de juízes, Margarida Alves, deu um prazo de cinco dias para que os assistentes no processo se pronunciassem.
Mas esta segunda sessão, que decorreu no Tribunal Central Criminal de Lisboa, teve como foco as declarações do advogado Aníbal Pinto, arguido pelo crime de tentativa de extorsão à Doyen. Ouvido em tribunal, garantiu que quem teve a ideia de criar uma offshore para um contrato com o fundo de investimento Doyen foi o seu antigo cliente, Rui Pinto. «Quando os advogados se apercebem de que pode haver alguma coisa ilegal, que foi do que eu me apercebi, têm de fazer aquilo que o estatuto da Ordem dos Advogados e a lei lhes impõem, que é afastarem-se. Foi o que fiz», sublinhou.