Breonna Taylor. Violência em mais uma noite de protestos

Depois dos polícias acusados da morte de Breonna Taylor terem sido ilibados do crime, protestos irromperam em diversas cidades dos EUA

Depois de um grande júri do estado do Kentucky, nos Estados Unidos ter anunciado, na quarta-feira, que apenas seria feita uma acusação contra um dos polícias envolvidos na morte de Breonna Taylor todos temeram o pior. A decisão de não acusar nenhum polícia pela morte da mulher de 26 anos enfureceu protestantes que se mobilizaram para diversas ruas nos EUA para mostrar a sua indignação.

O governador do Kentucky decretou um recolher obrigatório (ainda antes de saber a decisão do júri) e autorizou o envio da Guarda Nacional, de forma limitada, para tentar conter os protestos que se seguiram à decisão, mas não foi o suficiente para conter a violência.

Dois polícias foram alvejados, em Louisville, e tiveram que ser levados para o hospital. Segundo as autoridades, encontram-se fora de perigo. Um suspeito foi detido.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu a ajuda do Governo federal para conter os protestos na cidade.

 “Rezo pelos dois agentes que foram alvejados esta noite em Louisville, Kentucky. O governo federal está pronto a ajudar”, escreveu Trump no Twitter, acrescentando que falou com o governador Andy Beshear. “Estamos prontos para trabalhar juntos”, disse.

Já o candidato presidencial democrata, Joe Biden, apelou ao fim da “utilização de força excessiva” pela polícia, “a proibição de estrangulamentos” e a revisão dos mandados que permitem às forças policiais a entrada em casas sem aviso, acrescentando ainda que as manifestações se devem fazer de maneira pacífica.

 

“Indignado, insultado e, principalmente, ofendido”

Foi assim que o advogado da família Taylor, Benjamin Crump, descreveu os sentimentos da família após saberem a decisão do tribunal.

“Parece que temos dois sistemas de justiça na América”, disse o advogado. “Um para a América negra e outro para a América branca”.

Centenas de pessoas reuniram-se em diversas cidades americanas com protestantes a gritar “Digam o seu nome” Breonna Taylor” ou “Sem Justiça, não há paz”. Estes conflitos escalaram rapidamente para o caos. Para além dos polícias alvejados em Louisville, cidade onde houve perto de cem detenções, um carro foi conduzido contra protestantes, em Denver, não provocando nenhum ferido. Em Portland, a polícia partilhou vídeos onde se pode ver estes a serem atacados com cocktails molotov. Em Atlanta, autoridades estão a usar agentes químicos para dispersar as multidões.

 

A decisão

Breonna Taylor, de 26 anos foi assassinada a tiro quando a polícia irrompeu por sua casa, com um mandado de busca no âmbito de uma investigação de tráfico de droga, no dia 13 de março.

Segundo o procurador do Kentucky, Daniel Cameron, os agentes abriram fogo em legítima defesa depois de o sargento Mattingly ter sido atingido por uma bala disparada pelo namorado de Breonna Taylor.

O agente Brett Hankison foi o único que acabou com uma acusação, nomeadamente por ter colocado em perigo a vida de outras pessoas, pelos tiros que atingiram o apartamento ao lado do de Breonna, que morreu no fogo cruzado.

O advogado da família Taylor queixou-se da disparidade de tratamento racial. “[A acusação referia] que havia provocaram o apartamento dos vizinhos brancos em perigo, pelas balas em direção a estes. Mas não referiram as balas que entraram no corpo da Breonna Taylor. Nem o perigo que causou para os vizinhos negros que viviam por cima da Breonna”, argumentou Crump.

“Se existe perigo por alguém estar a disparar cegamente, ou os polícias a disparar imprudentemente, isso não seria motivo de assassinato arbitrário no caso de Brianna? Porque ela morreu”, acrescentado ainda que o nome de Talyor nem constava na acusação.

“Estamos a falar de transparência, a família de Breonna adoraria ver a transcrição do grande júri para ver se havia alguma prova apresentada sob a perspetiva de Breonna Taylor. Quer dizer, nada parece dizer que Breonna importava”, concluiu.