Foi graças à sua “inconfundível voz poética que torna universal a existência individual” que a poeta norte-americana Louise Glück venceu esta quinta-feira o Prémio Nobel da Literatura. O anúncio foi feito em Estocolmo, pela Real Academia Sueca das Ciências. “Sem palavras” para o que aconteceu, Glück sublinhou ao secretário permanente da Academia Sueca, Mats Malm, que não conseguiu descrever o que estava a sentir quando recebeu a notícia, ressalvando que “é tudo demasiado novo”. “A mensagem foi recebida com surpresa mas, pelo que me pareceu, foi bem acolhida”, disse o secretário, depois de ter ouvido as palavras de Glück.
“É tudo demasiado novo, não sei mesmo o que significa”, disse a poeta, anunciando que vai usar o dinheiro que recebeu do prémio para comprar uma casa em Vermont, um dos 50 estados dos Estados Unidos. “Quer dizer, é uma grande honra. Há alguns laureados que não admiro, mas depois penso naqueles que admiro, alguns deles muitos recentes. Em termos práticos, quero comprar uma casa em Vermont. Tenho um apartamento em Cambridge e pensei, bem, agora posso comprar uma casa”.
Já o presidente do Comité do Prémio Nobel da Literatura, Anders Olsson, não poupou elogios à poeta e quis sublinhar a sua voz “inconfundível”, “cândida” e “intransigente”. “Sinaliza que esta poeta quer ser compreendida, mas que é também uma voz cheia de humor e sagacidade mordaz. Isto é um grande recurso quando Glück trata um dos seus grandes temas, o da mudança radical, em que um passo em frente é dado a partir de uma profunda sensação de perda”, adiantou, logo depois do anúncio do vencedor do prémio.
A poeta, de 77 anos, natural de Nova Iorque, já tinha sido distinguida, em 1993, com um Prémio Pulitzer – destinado a pessoas que realizem trabalhos de excelência em várias áreas, entre as quais a literatura – e, mais recentemente, em 2014, com um National Book Award – um dos mais importantes prémios literários dos Estados Unidos, entregue anualmente aos melhores livros escritos por norte-americanos.
O trabalho de Glück aborda temas como a vida familiar e as relações entre pais e filhos. Além disso, Glück é a 16ª mulher a vencer o Prémio Nobel da Literatura – que tem o valor monetário de cerca de um milhão de euros.
Restantes prémios
O Prémio Nobel da Medicina, recorde-se, foi entregue à descoberta do vírus da hepatite C, ao passo que o da Física premiou trabalhos sobre buracos negros. Já o Prémio Nobel da Química foi para as cientistas Emanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna pelo desenvolvimento de um método de edição genética – tendo já sido usado no tratamento de doenças, em seres humanos, bem como na criação de plantas.