O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apelou, este sábado, para que o Governo "se concentre na organização de soluções em vez de maquilhar a realidade" no dia em que se registaram mais novos casos de covid-19 no país desde o início da pandemia. Os 1.642 novo casos registados este sábado são equivalentes a mais de 5.000 na Alemanha ou 8.000 em Espanha.
O SIM diz que "há semanas" que está a alertar o Governo "para a gravíssima insuficiência de médicos nas equipas dos Serviços de Urgência, em especial nas áreas metropolitanas", poder ler-se num comunciado disponível no site oficial do sindicato. "Urgências encerradas em vários períodos, Urgências a desviar doentes do INEM, equipas médicas abaixo dos mínimos, médicos exaustos ultrapassando em muito as horas extraordinárias obrigatórias, apresentação de minutas de isenção de responsabilidade, recusa em fazer mais horas extraordinárias, unidades de cuidados intensivos próximas de esgotamento (apesar do aumento dos ventiladores os profissionais são em igual número ou até menor) algo que com a chegada do inverno levanta seriíssimas preocupações", apontam ainda no comunicado.
Segundo o sindicato, os Médicos de Família nos Centros de Saúde "estão à beira do colapso e fortemente desmotivados" em grande parte devido a algumas "acusações infundadas e injustas de alguma comunicação social e de utentes de falta de empenho" quando na verdade o verdadeiro problema está na falta de recursos humanos. "Os Médicos de Saúde Pública, manifestamente em número insuficiente, estão afogados em inquéritos epidemiológicos e tarefas burocráticas. Têm trabalhado centenas, milhares de horas extraordinárias e sem qualquer compensação!", afirma ainda a instituição.
Na visão do sindicato, a responsabilidade pela situação é do Ministério da Saúde que, na sua visão, teve tempo suficiente para se preparar para a entrada do outono/invero durante a pandemia mas "com a permanente preocupação em adornar a realidade, negligenciou a preparação e aprovisionamento em recursos humanos (que não só os médicos) quer dos hospitais quer dos cuidados de saúde primários quer das unidades de saúde pública" acusam.