A bastonária da Ordem dos Médicos, foi recebida, esta quarta-feira, em Belém, pelo Presidente da República. À saída do encontro, Ana Rita Cavaco revelou que disse a Marcelo que o "Plano outono/inverno é, efetivamente, muito bom no papel", mas que, neste momento, "falta a operacionalização".
"Tivemos oito meses para preparar todas estas medidas. Tudo aquilo que está a acontecer agora no dia-a-dia, nomeadamente os centros de saúde estarem sem vacinas, quando começou a época de vacinação contra a gripe”, começou por dizer, em declarações aos jornalistas. “Não basta o Governo dizer que há vacinas para todos e, depois, todos ontem vimos que as vacinas que chegaram aos centros de saúde não chegam, já foram gastas e não há previsão de entrega", criticou.
Ana Rita Cavaco disse ainda que há "uma ausência de estratégia para os enfermeiros que estão cansados, desmotivados, um bocadinho fartos de promessas vãs", e destacou que estes olham para Orçamento do Estado para 2021 e não veem “nenhum acréscimo ou nenhum dinheiro para atribuir a estes profissionais"de risco e de "desgaste rápido".
"Isto da linha da frente é quem nunca trabalhou nos serviços de saúde, porque não há linha da frente nem de trás nem do meio. Somos todos os que estamos a aguentar os serviços, os covid e os não covid", esclareceu, referindo que "há uma série de questões a corrigir relativamente aos enfermeiros".
Segundo Ana Rita Cavaco, Marcelo "disse que era muito importante revisitar todas estas questões que sabe que já não é a primeira vez” que são faladas e "falou ainda do importante papel da especialização em enfermagem".
"O país tem tratado mal os enfermeiros. É uma classe que, na sua maioria, ganha cerca de 900 e poucos euros líquidos por mês que, relativamente aos lares, onde devíamos estar em grande número, que foi outra temática que abordámos, não existem quase enfermeiros", rematou a bastonária.
Também Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, foi ouvido por Marcelo, e defendeu que o Ministério da Saúde tem de alocar todos os recursos técnicos e humanos que tem no país ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para "evitar que doentes fiquem para trás".