A conferência de imprensa das autoridades de saúde realizada esta quarta-feira contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, que, para além de comentar os números diários, falou de assuntos como a compra de testes rápidos, o crescimento do número de internados nos hospitais portugueses e o reforço dos alunos de enfermagem como rastreadores. Ao lado de Lacerda Sales esteve também Fernando de Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Lacerda Sales começou por fazer o balanço dos números divulgados hoje pela Direção-Geral da Saúde, dizendo que mais de 96% dos infetados com covid-19 se encontram a recuperar em casa. A taxa de letalidade global do vírus encontra-se agora nos 1,9% e nos 10,8% em doentes com 70 ou mais anos.
Existem agora 1794 doentes internados, mais 47 do que na terça-feira, dos quais 262 em unidades de cuidados intensivos, portanto mais nove do que no dia anterior, o que já levou o Centro Europeu de Doenças (EDCD) a alertar Portugal para o aumento dos internamentos. Perante estes dados e a chamada de atenção, o secretário de Estado explica que é por isso mesmo que foram tomadas “medidas reforçadas”, garantindo que o país está a acompanhar essa preocupação.
Com os hospitais a entupir, falou-se novamente dos estudantes de licenciatura de enfermagem para reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma vez que neste momento existem já 6.596 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus – 800 são médicos e 1.881 são enfermeiros – tendo já recuperado 4.617.
Lacerda Sales admitiu que “os inquéritos epidemiológicos estão atrasados” e, por isso, já estão a ser contactadas várias escolas de enfermagem para os alunos apoiarem o SNS no rastreamento de possíveis cadeias de transmissão.
Na conferência, quando chegou a altura de falar dos testes rápidos, o secretário de Estado afirmou que o país vai receber um milhão destes testes, com recurso a um financiamento europeu através da Cruz Vermelha, de onde chegarão 500 mil testes. A primeira tranche, com perto de 100 mil testes, deve chegar a Portugal na primeira semana do próximo mês, e os testes começam a ser utilizados no dia 9 de novembro. O presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge explicou que os testes rápidos “não são feitos por qualquer profissional”, acrescentando que será mesmo necessária uma formação específica para a sua realização.
Fernando de Almeida explicou ainda que os testes antigénio serão utilizados principalmente para detetar surtos de forma mais rápida, como numa escola ou num lar, e não deverão ser encarados como testes de primeira linha.