Um relatório da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), órgão que fiscaliza as polícias, admite que podem estar envolvidos mais doze inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, assim como seguranças e enfermeiros no caso da morte de Ihor Homenyuk, o ucraniano que foi espancado por três inspetores do SEF no aeroporto de Lisboa a 10 de março, e acabou por morrer. As informações são avançadas pelo Jornal Público.
Segundo a mesma fonte, os doze inspetores foram alvo de processos disciplinares por causa deste caso.
Segundo o relatório da IGAI de que fala o jornal, os seguranças e inspetores terão demonstrado “ausência de qualquer preocupação” pelo estado de saúde de Ihor e “até da satisfação das suas necessidades mais básicas”, resultando numa “postura generalizada de desinteresse pela condição humana”.
A IGAI põe em causa ainda o comportamento do enfermeiro: “Não podemos deixar de referir a censurabilidade do comportamento do enfermeiro que considerou razoável que o cidadão se mantivesse, pelo menos, sete horas, manietado, sabendo que a sua agitação poderia advir da falta de medicação e que a utilização da fita adesiva, para a contenção física do cidadão, seria inadmissível”.
O órgão sublinha ainda que aquilo que se passou leva à “conclusão inelutável” de que os três inspetores do SEF acusados foram mesmo “os autores das agressões. “O cuidado que tiveram de evitar o registo de entrada; os objectos que transportaram; os gritos proferidos pelo Ihor; as expressões que proferiram; a algemagem a que procederam contrariando todas as regras – deitado e algemado atrás das costas; a colocação de fitas brancas a imobilizar braços e pernas; o terem determinado aos vigilantes que não vissem o que ali se estava a passar; o tempo que permaneceram no interior da sala e o estado em que dali saíram” parecem ser provas suficientes para o IGAI.