A noite eleitoral começou bem para o candidato democrata, Joe Biden, que venceu unanimemente os votos da minúscula aldeia de Dixville Notch, no New Hampshire, perto da fronteira com o Canadá, conhecida por ser das primeiras localidades a votar. O primeiro dos cinco votos de Dixville Notch pertenceu a Les Otten, que votou em Biden apesar ter sido republicano a vida toda. “Não concordo com ele numa série de assuntos, mas acredito que é altura de encontrar o que nos une, não o que nos separa”, defendeu Otten, num vídeo no Twitter, com milhões de visualizações. A pequena vitória poderia ser vista como um bom presságio para a campanha democrata. Contudo, quem ganhou os votos de Dixville Notch em 2016 foi Hillary Clinton, que saiu derrotada das eleições contra todas as expectativas.
Este ano, Donald Trump tenta dar a volta mais uma vez. A margem dos democratas a nível nacional é maior que em 2016 – Biden tem mais 10% de intenções de voto que o Presidente, segundo a Yougov. No entanto, a diferença esbate-se quando olhamos para os estados indecisos, os swing states, que decidem o resultado das eleições, como a Florida, Arizona, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Ohio, Michigan e Wisconsin. Serão para estes estados que o mundo estará a olhar, sabendo que uma derrota de Trump na Florida ou Pensilvânia, os maiores swing states, é quase de certeza o fim da linha para o Presidente.
Entretanto, os americanos mostram um entusiasmo sem precedentes pelo voto. Só antes desta terça-feira, mais de 100 milhões de eleitores tinham votado, presencialmente ou por correio, segundo a CNN – ou seja, o equivalente a 73% dos votos na eleição de 2016.
Mesmo com tantos votos antecipados, em algumas cidades, como Filadélfia, desde madrugada que se faziam filas para se ir votar. “Qualquer eleição é importante. Especialmente este ano”, explicou Denise Pettus, à porta do seu local de voto, uma pequena barbearia no centro da cidade. “Estou aterrorizada”, admitiu à Philadelphia Magazine. “Não dormi bem esta noite, porque tenho medo de distúrbios, seja qual for o resultado das eleições”. Uma preocupação partilhada por muitos americanos, que esperam apreensivos um resultado eleitoral que pode tardar a chegar.